quarta-feira, 1 de março de 2006

AINDA A AVALIAÇÃO PROFISSIONAL

De acordo com uma notícia do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, de hoje, o grupo BCP irá distribuir 33,4 milhões de euros pelos seus trabalhadores, a título de prémios de desempenho, valor que corresponde a 4,4% dos lucros totais obtidos pelo grupo no último exercício.
Até aqui nada de novo, na medida em que há alguns anos que as empresas financeiras vêm procedendo a este tipo de prática, que na realidade se traduz em benefícios para a empresa (nomeadamente para as estruturas directivas), na medida em que o valor a distribuir é dividido pelo número dos trabalhadores julgados com direito a essa remuneração adicional. Ora como esse “direito” é definido em função de critérios que vão desde o cumprimento de “objectivos” até à classificação dos empregados (definida pelas mesmas estruturas directivas) foi assim encontrada uma forma de “domesticar” e “manter sob pressão” a imensa massa de trabalhadores que na melhor das situações se verá premiada com mais um vencimento (15 vencimentos anuais em vez dos 14 estabelecidos no contrato de trabalho) e muitos haverá que nem de semelhante valor se aproximarão.

Importante de reter é o facto de paralelamente ter sido reservado um valor de 4,2% dos lucros para a administração (pouco menos que os 4,4% destinados aos mais de 11 mil trabalhadores). A notícia citada refere que cada um dos 9 gestores do grupo arrecadará, em média, 3,48 milhões de euros de remuneração total, valor que me parece incorrecto porquanto o número de gestores referidos deve incluir, além dos 9 elementos do Conselho de Administração os 25 que compõem o Conselho Superior, reduzindo aquele valor médio para uns módicos 102,35 mil euros.

Assim se vê o “elevado conceito” em que os gestores nacionais se têm e a forma despudorada como se “auto beneficiam” e ainda esperam ser glorificados por aqueles (obedientes e bem comportados) a quem distribuem umas migalhas.

Em resumo, aquilo que aqui disse há uns tempos atrás sobre a farsa da avaliação na função pública, pode, e deve, ser extrapolado para muitas das empresas do nosso sector privado, onde se não impera o clientelismo político vinga outro tipo de compadrios.

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