quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

ROMBO


Divulgada a informação onde uma «Auditoria da EY revela perda de 340 milhões na CGD com “Obrigações Caravela”», que a «CGD concedia crédito sem olhar para os riscos das empresas» ou que a «CGD perdeu 1200 milhões em empréstimos de risco», não tardaram em surgir os habituais defensores da ideia da privatização do banco, como se tal constituísse panaceia garantida para os referidos desmandos.


Para estes não existe qualquer interesse em lembrar que no período em observação – entre 2000 e 2015 – as diferentes administrações foram sempre integradas por prestigiadas figuras do cenáculo político nacional (PS, PSD e CDS) com origem nos mais respeitados e respeitáveis dos partidos nacionais; de tão convictos que estão na certeza da sua “solução” julgam suficiente recordar que o «Estado injectou directamente mais de 4000 milhões de euros desde 2011 perante prejuízos recorde» enquanto omitem que desde o início da crise do subprime (2007/2008) as ajudas públicas ao conjunto da banca nacional já atingiram os 16,7 mil milhões de euros e que se houve evidentes casos de incúria e má gestão na CGD não é menos verdade que esta vem sofrendo um processo de descapitalização devido à incorporação do nacionalizado BPN (2008) e que financiou em milhares de milhões de euros as sociedades que herdaram os activos tóxicos, aqueles que o banco luso-angolano BIC não quis receber quando pagou uns extraordinários 40 milhões de euros pelos activos saudáveis do BPN. Mas o papel da CGD na “reestruturação” do sector financeiro nacional não ficou por aqui, nem a responsabilidade pelos desmandos se deve limitar às administrações, eximindo sucessivos reguladores e ministros da tutela.

domingo, 20 de janeiro de 2019

TUDO PARTIDO

Melhor ou pior Rui Rio lá resolveu a canhestro desafio de Luís Montenegro.

O tempo e os resultados eleitorais dirão se o PSD ficou melhor ou pior.


Certo é que o grande drama do actual ou dos putativos líderes do PSD reside no facto de António Costa (e o PS) estarem a conseguir concretizar a política que eles próprios queriam realizar e pondo claramente a nu aquele que é o grande drama do centrão político: a diferença entre PS e PSD é praticamente inexistente quando neste não se sobrevalorizam projectos de pendor bonapartista ou populista.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

BREXIT! UM DRAMA BRITÂNICO



A já esperada rejeição pelo Parlamento Britânico do acordo de saída da UE negociado por Theresa May não será o maior dos problemas que hoje se enfrentam por terras da velha Albion, nem, como escreveu hoje Leonídio Paulo Ferreira no DN, o problema foi a vitória do Brexit.

A questão que deixa em alvoroço brexiters e remainers, a par com Bruxelas, é que na realidade ninguém sabe como lidar (ou negociar) com a situação.

David Cameron, o anterior primeiro-ministro e líder dos tories, no afã de resolver um problema de natureza partidária deu luz verde a um processo – o referendo – cujos contornos revelou desconhecer e que se transformou numa caixa de Pandora que ameaça todos engolir no seu vórtice; os brexiters lançaram-se numa campanha pela saída da UE sem uma verdadeira estratégia alternativa nem o mínimo de noção do que acarretaria a vitório do NÃO. Tudo o que lhes interessava era a saída da UE.

Conseguiram-no!

O custo, para ingleses e europeus, é uma questão menor para aqueles dirigentes políticos que outra coisa não revelaram senão uma confrangedora incapacidade de ver além do seu umbigo ou das pequenas questiúnculas e que esperavam o milagre de ver a UE aceitar uma saída soft a quem sempre se revelou mais fora que dentro da UE.


Lições a aprender? Não confiem em quem diz que os grandes problemas têm soluções fáceis e simples ou que sempre aplica estratégias ambíguas ou simplistas, como a de acusar os outros pelos seus próprios problemas!

domingo, 6 de janeiro de 2019

OS AMIGOS SÃO PARA AS EMERGÊNCIAS


Arrastando-se o braço de ferro entre a administração Trump e o Partido Democrata por causa do famigerado muro na fronteira com o México, há 15 dias que os EUA vivem em situação de shutdown parcial, ou seja com grande parte dos serviços públicos encerrados.

Segundo notícias recentes (ver aqui no NEW YORK TIMES) a falta de acordo já levou o inefável Donald Trump a ameaçar manter o shutdown durante meses, ou mesmo anos e para ultrapassar o arrastar da situação até já ameaçou usar os seus poderes especiais e declarar o estado de emergência para conseguir os fundos para a construção do seu muro.


Parecem existir cada vez menos dúvidas sobre a gravidade da situação, mas quase me atrevo a sugerir que talvez não seja preciso recorrer a tais extremos presidenciais; talvez bastasse uma pequena palavrinha aos seus amigos sauditas que estes poderiam conseguir dos extremistas wahabitas (movimento do islamismo sunita ultraconservador) por eles financiados uma qualquer mal amanhada tentativa de atentado (talvez mesmo em Washington) para melhor justificar a declaração do estado de emergência e o entaipamento da mais permeável das fronteiras ao terrorismo: a mexicana.