quarta-feira, 30 de junho de 2010

PROMESSAS...

Ainda não tinham arrefecido por completo os lugares onde tiveram assento os grandes líderes políticos do G20, ainda menos fora integralmente assimilado a anúncio das medidas tomadas no conclave, nomeadamente o beatífico compromisso da redução dos défices públicos...

...para que de pronto começassem a surgir os primeiros comentários, com especial destaque para a crónica que Paul Krugman fez publicar nas páginas do The New York Times.

Sob o sugestivo título «The Third Depression»[1], o autor desfia o rosário de críticas a que já nos tem habituado sobre a opção de privilegiar as políticas públicas de combate aos défices em detrimento do apoio ao crescimento económico. Krugman nunca fez segredo da sua preferência pelas teses neokeynesianas, nem escondeu a sua opinião em defesa das políticas que induzam ou estimulem o crescimento económico, mesmo que à custa do crescimento dos défices, os quais (entende ele e os restantes neokeynesianos) se resolverão quando as economias apresentarem tendências estáveis de crescimento.

Sem querer aqui entrar em polémica ou em defesa de uma ou outra corrente, até porque entendendo as razões defendidas pelos neokeynesianos continuo convicto que estas são manifestamente insuficientes para a resolução de uma crise da magnitude e da profundidade da actual, espanta-me que Krugman não tenha aproveitado a oportunidade em que dissertava sobre as grandes depressões registadas nos últimos séculos (a do último quartel do século XIX e do início do segundo quartel do século XX) para produzir um único comentário sobre a também muito recente iniciativa de revisão da regulação financeira, promovida pelo Congresso norte-americano.

É que embora de limitado alcance, aquela iniciativa legislativa poderá revelar-se bem mais eficaz que todas as “promessas” assumidas ou assumir pelos governos dos países mais desenvolvidos. Criar na área financeira uma efectiva separação entre a actividade bancária e a actividade especulativa, sendo um pequeno passo pode muito bem vir a ser mais importante que todos os equilíbrios orçamentais.

Mesmo ciente que quase tudo continua por fazer, nomeadamente:

  • a recuperação para a esfera pública do poder de criação de moeda;
  • a proibição do “short-selling” e de outras práticas lesivas da transparência dos mercados de capitais
  • a pura e simples extinção dos “offshores” e da consequente panóplia de operações e manobras de mais que duvidosa legalidade e seguro prejuízo para a economia real;
  • a limitação do volume de contratos de produtos derivados em função da existência real dos activos subjacentes;

não se poderá negar a importância desta iniciativa que constitui apenas um passo no sentido do regresso à ordem jurídica anterior à paranóia da liberalização dos mercados de capitais[2], que hoje é já vulgarmente aceite como principal responsável pela crise financeira que eclodiu em 2008-2009.

Mesmo reconhecendo as grandes limitações da legislação que já é conhecida como “Volker Rule”[3], têm sido denunciadas por Nouriel Roubini que pela sua tibieza e pouca firmeza apelida a nova proposta de Glass-Steagal-Lite (Glass-Steagal Leve), não deixa de não ser triste, para nós europeus, vermos que a crise parece estar a ser encarada de forma mais adequada do outro lado do Atlântico que do nosso, agora que até já Joseph Stiglitz «Nobel de Economia diz que governos deveriam ter criado os seus próprios bancos» e isto quando assistimos a uma mudança na política monetária do Banco Central Europeu e ficamos a saber que «BCE corta fundos à banca e agrava crise no crédito».

Por esta andar (e mesmo com as grandes limitações que revela o “Volker Rule”) parece cada vez mais próximo o dia em que os grandes “gurus” da economia comecem a reconhecer a validade das ideias que pensadores menos reconhecidos vêm formulando há vários anos e que no essencial apontam para uma clara necessidade de reformulação do paradigma de funcionamento das economias modernas, reorientando-as para a esfera produtiva, limitando a actuação área financeira quer mediante a redução do poder de criação de moeda quer retirando-lhe a possibilidade do recurso a actividades especulativas completamente desligadas da economia real.

É evidente que isto não será a receita mágica para fazer regressar os “anos de abundância” (e em especial para as minorias que tanto têm lucrado com a desregulamentação e o clima de especulação sem limites) mas, em conjunto com a reestruturação dos aparelhos produtivos e o desenvolvimento de mecanismos económicos e sociais inclusivos (e não exclusivos como os que actualmente vigoram), deverá ser o passo significativo para apontar a necessidade de novo rumo.


[1] Entretanto o I publicou já uma versão traduzida que pode ser lida aqui.

[2] A nova legislação visa recuperar regras estabelecidas no Glass-Steagall Act de 1933 (lei da actividade bancária) que, no rescaldo da Grande Crise de 1929-1933, impunha a separação entre a actividade bancária comercial e a banca de investimento e que vigorou até 1999, data em que em nome da necessidade de maior concorrência entre as empresas financeiras (bancos e sociedades de investimento) e na defesa dos interesses dos bancos americanos face aos rivais estrangeiros menos sujeitos a regulação, pela administração Clinton, foi revogada pelo Financial Services Modernization Act.

[3] A designação resulta do facto de um dos seus grandes promotores ter sido o ex-presidente do FED e actual conselheiro de Barack Obama, Paul Volker.

sábado, 26 de junho de 2010

GOOD FELLAS[1]

Desiluda-se quem espera que algo de novo ou muito positivo resulte da reunião do G20 que decorre em Toronto.

Aliás, bastará pensar nas origens do conclave que reúne as economias mais ricas do planeta para descartar de imediato a hipótese de que algo de diferente possa surgir de uma reunião que junta os actores (e os assessores) do costume e que na sua maioria foram parte activa na construção do modelo económico neoliberal e globalizante que nos conduziu ao estado em que nos encontramos.

É evidente que “novidades” como a ideia da criação de uma taxa especial sobre o sector financeiro, o anúncio da suspensão dos “estímulos” às economias ou até a recente abertura chinesa a alguma revalorização do yuan, constarão do programa dos trabalhos, mas não será menos óbvio que a crise vai continuar a aprofundar-se face à improficiência das políticas quando não à absoluta incapacidade dos políticos tomarem qualquer tipo de decisão.

Muito se tem falado e especulado a propósito da questão do governo mundial (ideia particularmente cara aos dogmáticos da globalização) mas, para alívio global, os políticos que esses mesmos dogmáticos escolheram para apresentar como os grandes líderes mundiais continuam a revelar a maior das tibiezas quando se aproxima o momento da tomada de decisões.

Pouco habituados a alguma vez terem tido que pensar pelos seus próprios meios, rodeados de analistas, consultores, estrategas e demais “fazedores de reis” quase tão incapazes quanto eles próprios, sempre condicionados pelas famigeradas sondagens de opinião e receoso de se verem substituídos nos altos cargos, os grandes líderes mundiais vão-se reduzir ao gozo de mais um fim-de-semana de prazenteiras mordomias (sem esquecer a indispensável segurança reforçada) e à apresentação de uma declaração final tão auspiciosa, prometedora e inócua quanto as anteriores.

Entretanto as economias dos países que dizem dirigir vão continuar a degradar-se enquanto alguns assobiam para o lado ou miram, enlevados, as grandezas dos impérios moribundos. Entre mercados de capitais predadores, moedas e matérias-primas que não param de se valorizar ou desvalorizar ao sabor de boatos ou como mera reacção em cadeia, famílias asfixiadas pelo desemprego, pela queda real dos salários, pelo aumento dos custos do endividamento para que foram empurrados e pelos agravamentos fiscais já decididos ou em via de o serem, empresas que se debatem com falta de crédito e estados que caminham para a insolvência (política e financeira), os garbosos dirigentes do G20 vão continuar a revelar-se incapazes de ver que a gravidade e dimensão da crise global é muito maior que alguma vez sonharam (e ainda menos admitiram) e, consequentemente, de tomarem as medidas indispensáveis à correcção da situação.

Entretidos a discutir se devem ou não privilegiar o crescimento económico, continuando a endividar-se para injectarem cada vez mais recursos num sistema financeiro fraudulento, em detrimento de políticas orçamentais restritivas, que assegurem a recuperação dos equilíbrios há muito perdidos, pretendendo que esta não passa de mais uma crise conjuntural – quando na realidade ela é bem mais profunda, tão profunda que talvez nem a Grande Depressão o foi – e que dentro em pouco tudo terá regressado à normalidade.

Persistindo em ignorar os sinais que regularmente são emitidos e mistificando as populações cujo bem-estar e segurança se comprometeram a preservar, pretendem que repetindo as políticas neokeynesianas ou neoliberais (através de mais políticas expansionistas ou de novas políticas restritivas) acabaremos por ultrapassar a situação, ignorando (e tentando arrastar todos na sua visão) que o cerne da crise radica em dois pontos: uma distorcida política de redistribuição da riqueza (que há décadas vem agravando o fosso entre ricos e pobres e que tem empurrado camadas cada vezes maiores da população para a famigerada situação de sobreendividamento) e a concentração do poder de criação de moeda na iniciativa privada.

O avolumar das crises económicas nas últimas décadas já deveria ter feito soar há muito o alarme sobre a insustentabilidade de um modelo de crescimento económico assente quase exclusivamente na esfera financeira, mas a realidade (a dura realidade...) é que mais uma vez os bons rapazes tudo farão entre si para mudar o menos possível...


[1] Título original do filme de 1990, dirigido por Martin Scorcese, que passou nos cinemas nacionais com o título «Tudo Bons Rapazes».

quarta-feira, 23 de junho de 2010

GENERAIS, MINERAIS E OUTROS QUE TAIS...

Enquanto a imprensa (em especial a norte-americana) continuava ocupada com a importante questão de saber se o actual comandante das tropas ocidentais será ou não substituído[1] na sequência de uma estranha entrevista onde o General McChrystal não poupa Obama nem a Casa Branca, pouco ou nada se publica relativamente à questão afegã.

McChrystal já “rolou”[2], mas isso em pouco deverá afectar a situação concreta no terreno...

...tanto mais que jornalistas, analistas e comentadores continuam sem apontar de forma clara o conjunto de razões que estará por detrás do insucesso militar, já que dos políticos que nos enredaram no problema será impossível uma apreciação isenta do problema.


Dificilmente serão arquitectadas soluções para o problema enquanto não se compreender que as tropas da NATO serão sempre vistas como um exército ocupante e que os resistentes contam – e contarão – com um apoio incondicional das populações porque beneficiam de todo o tipo de laços (familiares, étnicos, culturais e religiosos) praticamente impossíveis de quebrar.

Depois, a táctica de bombardeamentos apenas tem contribuído para fortalecer e cimentar aqueles laços. Bem podem os responsáveis militares clamar que as baixas civis que têm provocado se devem principalmente ao facto dos resistentes se esconderem entre aqueles, pois isso apenas demonstra o apoio de que estes dispõem (sem esquecer o facto básico de que é impossível distinguir civis de milicianos num quadro de rebelião ou de guerrilha) e o facto daqueles laços serem bem mais fortes e estáveis que as lealdades que os ocidentais têm tentado comprar[3].

Até a inevitável exaltação de fundamentos religiosos para o conflito (por mais distantes e absurdos que possam parecer) prejudica profundamente as hipóteses de uma qualquer aproximação entre ocupantes e locais. Quando tudo parece erguer-se contra a presença militar estrangeira e até o factor religioso serve de mobilização para que as populações dos países fronteiriços resistam e se empenhem em acções de guerrilha contra as estruturas logísticas, torna-se difícil vislumbrar alguma saída para o conflito.

A acrescer a tudo isto surgiram também nos últimos dias notícias sobre recentes descobertas de importante jazidas de minérios no subsolo afegão[4]...

...facto que poderá ser interpretado de duas formas diferentes: seja como forma de “tranquilizar” os que têm investido na ocupação, seja como forma de aliciar mais participantes ou de aumentar a codícia dos actuais.
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[1] Veja-se a título de exemplo a notícia do I que diz que «Entrevista à Rolling Stone trama General norte-americano», a do PUBLICO informado que «Casa Branca admite afastar general McChrystal por entrevista explosiva» ou a do New York Times que não esconde que «McChrystal’s Fate in Limbo as He Prepares to Meet Obama» (A sorte de McChrystal paira no limbo enquanto este se prepara para encontro com Obama). Outra notícia, do Washington Post «Can Obama lose general without losing war?», serve-se do incidente para levantar dúvidas sobre o resultado do conflito, mas nunca sobre a sua fundamentação, há semelhança desta do DIÁRIO DIGITAL que atribui ao presidente afegão a seguinte afirmação: «Saída de general McChrystal pode atrapalhar conflito».
[2] Pelo menos é o que assegura o PUBLICO quando escreve que «Obama afasta McChrystal e Petraeus assume chefia das operações no Afeganistão».
[3] Esta afirmação deve ser entendida no sentido literal do termo, a avaliar por notícias como esta do JORNAL DE NOTÍCIAS que informa que «EUA investigam alegado financiamento dos talibã com fundos do Pentágono».
[4] Entre muitas veja-se esta do DN que assegura que «Afeganistão tem riqueza de um bilião em minérios».

domingo, 20 de junho de 2010

MONOLOTISMO INFORMATIVO

É talvez estranho que sobre uma questão tão grave como a actual crise económica global, algo tão simples quanto a leitura de jornais nacionais e estrangeiros possa transmitir ideias tão díspares.

Contrariamente ao que sucede no panorama nacional, onde apenas têm eco as opiniões dos que defendem soluções de claro pendor neoliberal e monetarista (para os quais a raiz de todos os males continuam a ser os gastos públicos), por esse mundo fora sempre se vão ouvindo opiniões diferentes e divergentes, as quais, pasme-se nem sempre surgem das áreas ideologicamente mais afastadas.

Entre os muitos pouco ou nenhum acolhimento têm recebido na imprensa nacional , mas que não se têm poupado a esforços para analisar e comentar o actual momento em que vivemos conta-se Joseph Stiglitz que em entrevistas e artigos de opinião tem deixado bem claro que entende que as medidas de austeridade que têm vindo a ser anunciadas pelos diferentes governos europeus irão originar um agravamento na actual conjuntura recessiva; a pretexto de quererem contentar os “mercados” os governos estão a por em risco a débil tendência de crescimento de que as economias estavam a dar os primeiros sinais.


Mesmo que se discorde das conclusões ou das medidas propostas para a correcção da situação, nem por as análises das condições que nos levaram ao ponto onde nos encontramos merecem ser tidas em conta e divulgadas.


Infelizmente ao monolitismo que grassa na comunicação social nacional nem sequer escapam intelectuais como Stiglitz, ou mesmo Krugman, que manifestam opiniões divergentes do “mainstream” e dos interesses instalados, talvez porque pior que as soluções discordantes que apresentam seja o facto de fornecerem análises muito duras do que nos conduziu ao estado em que nos encontramos – uma ganância descontrolada e um mecanismo distorcido de distribuição da riqueza.


Mesmo discordando da ideia de que a situação económica poderá ser invertida dentro do quadro de desenvolvimento do actual capitalismo financeiro (nem Stiglitz nem Krugman parecem aperceber-se que estamos a lidar com uma crise bem mais profunda que a que ficou conhecida como a Grande Depressão e, talvez por isso, não pugnam por mais que um acréscimo na regulação das actividades financeiras), as explicações e as propostas de soluções que adiantam deveriam ser largamente difundidas, debatidas e incluídas no leque das opções .

quarta-feira, 16 de junho de 2010

LAMAÇAL

Enquanto prossegue de forma até agora imparável o derrame de petróleo no Golfo do México e os jornais e as televisões vão divulgando imagens da catástrofe ecológica, poucas têm sido as vozes que apontem a verdadeira origem do problema.

Toda a gente entenderá a necessidade da contínua exploração de novas jazidas petrolíferas – pelo menos enquanto o mundo continuar amarado a um modelo de desenvolvimento baseado na produção de energia a partir da queima de materiais fósseis como o carvão e o petróleo – mas dificilmente o fará perante a forma descuidada como esta é feita. Mesmo admitindo que os acidentes acontecem, começa a tornar-se difícil aceitar que estes ocorram em dimensão cada vez maior e que as grandes empresas onde eles ocorrem se revelem incapazes para os resolver.

Uma vez que a catástrofe do Golfo do México não pode ser assacada a nenhum acto terrorista (que conveniente que seria...) nem a actuação de um qualquer grupo e “rebeldes” como acontece no continente africano, resta olhá-la com “ olhos de ver” e apontar as excessivas facilidades de que as empresas petrolíferas têm beneficiado
[1].

Também aqui, como no caso dos mercados de capitais, a raiz do problema residirá na desregulamentação – tão cara aos neoliberais e demais apólogos dos supremos benefícios dos mercados auto-regulados – e no consequente laxismo das autoridades que a pretexto das estratégicas necessidades energéticas ou em consequência dos importantes contributos financeiros têm ignorado sistematicamente todos os avisos e a prudência com que a actividade da exploração petrolífera deveria ser encarada.
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[1] Veja-se a propósito a recente notícia do I que diz que «Mais petróleo é derramado na Nigéria por ano do que o que foi perdido no Golfo do México».

sábado, 12 de junho de 2010

VÃO-SE OS LUSTROS...

Mais que nunca, na data em que se assinalam os 25 anos da adesão de Portugal à UE e na actual conjuntura, faz todo o sentido alguma reflexão sobre a matéria.

Ninguém negará a importância da entrada de Portugal na organização económica europeia, nem o que isso representou para a consolidação do modelo democrático num país que mal tinha cumprido uma década de experiência após um longo período de isolamento político e económico e, pior, de definhamento cultural.

Os progressos realizados, enormes desde que medidos em quilómetros de auto-estradas e em toneladas de betão disseminadas pelo território, estão à vista de todos, assim como a confrangedora indigência intelectual que nos guiou durante a maior parte do período.

Modernizaram-se as vias de comunicação (exclusivamente sob a forma de auto-estradas, porque a via férrea foi completamente ignorada e até as vias de comunicação local foram votadas quase ao abandono) e num par de décadas passámos a dispor dos mais modernos e rápidos meios difusão de informação (quase se poderia dizer que hoje não há quem não tenha telemóvel e internet), mas o nível cultural persiste em ser pouco melhor.

No capítulo social alargaram-se benefícios e estenderam-se regalias a franjas menos beneficiadas da população, mas desde a criação do SNS e o grande esforço então feito na generalização dos cuidados básicos de saúde que não tem faltado quem sob pretextos múltiplos tenha torpedeado a iniciativa, nem quem a tenha esvaziado do muito que poderia ter oferecido a pretexto das inegáveis (mas nunca demonstradas
[1]) vantagens das parcerias público-privadas.

Também no capítulo da educação os resultados alcançados nestes últimos cinco lustros deixam muito a desejar. Além do controverso Projecto Magalhães
[2] e do recente alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, que outros resultados se alcançaram além da mais que óbvia degradação das competências adquiridas pelos estudantes?

Mas todas as mudanças (positivas ou negativas) na sociedade portuguesa se deverão apenas ao efeito UE? ou, pelo contrário, a grande responsabilidade pelo desaproveitamento dos fundos de coesão não pode senão ser assacada a que os malbaratou?

Bem podemos agora clamar contra o facto mas a realidade, a bem dura realidade é que fomos nós os principais responsáveis quer do desaproveitamento da oportunidade para o lançamento de um verdadeiro processo de modernização da economia nacional, quer da exibição do pior dos servilismos com que nos prestámos (e apressámos) a dar apoio e cobertura às priores das decisões que Bruxelas tem tomado nos últimos anos, entre as quais se conta aquele indiscritível projecto de constituição europeia oportunisticamente transformado num tratado que, ironia suprema carrega o nome da nossa capital.

Para além do agora vulgarizado discurso da perda de soberania (vulgarizado pelos mesmos grupos político-partidários que desde a nossa adesão raramente ou nunca fizeram ouvir a sua voz para criticar ou contestar a transposição literal e acrítica dos normativos comunitários que têm destruído partes significativas da nossa identidade cultural) importa ainda referir que a principal das razões para o estado calamitoso a que chegou a UE nada tem ver (como se pretende fazer crer) com os problemas das dívidas públicas ou da moeda única, mas tão somente se deve à manifesta inépcia dos seus dirigentes.

E por isso é que perdidos os lustros dos anos faustos (ou que assim nos queriam fazer crer as loas que entre si trocavam os dirigentes) e comprovada a incapacidade de dirigentes nacionais e comunitários para enfrentarem de forma adequada e decidida a actual situação (começando pela recuperação do poder de criação da moeda, continuando com uma severa limitação dessa capacidade pelos bancos comerciais, com a erradicação dos “off-shores” e a proibição de produtos e práticas financeiras meramente especulativas) resta aos cidadãos comunitários efectivamente preocupados com o futuro da UE e dos respectivos países uma de duas opções: esperar um milagre de mais que improvável ocorrência ou, preferivelmente, o lançamento das bases para que numa acção concertada se logre a substituição dos responsáveis que até aqui nos conduziram por outros, que não os que ajudaram a criar esta situação, com projectos e estratégias adequados às necessidades da Europa e dos seus cidadãos.
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[1] A atestar por estas notícias da RENASCENÇA e da RTP, a posição do Tribunal de Contas é até bastante crítica.
[2] O Projecto Magalhães é uma iniciativa educacional orientada para o 1º ciclo da escolaridade obrigatória e visa equipar todos os estudantes daquele ciclo com equipamentos informáticos adequados à sua faixa etária e aos conteúdos escolares. A sua controvérsia começou logo desde o lançamento da iniciativa que nunca explicou as suas reais vantagens para os utilizadores (aparte a componente lúdica que outros resultados obtém uma criança que mal sabe ler e calcular de uma ferramenta informática) e continua com a questão da escolha do fabricante dos equipamentos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A CHINAMÉRICA

Quase completamente ignorada nas notícias difundidas no país, mas com uma relevância proporcional à da economia onde se registam os factos, são as notícias que vão chegando do crescimento do número e da importância das greves que se têm registado na China.

É verdade, o Império do Meio vem registando algo que há uns anos era impensável. A par com a criação de uma classe empresarial tem-se registado um ressurgimento dos movimentos (e das reivindicações) operárias.

O país que realizou um processo de transição do maoísmo para um capitalismo de Estado, está a registar agora reivindicações operárias, com greves e até com vagas de suicídios como recentemente ocorreram em França.


Em termos concretos não só o construtor de automóveis japonês, Honda, tem visto alguns dos seus fornecedores
[1] atingidos por aquela calamidade como esta tem alcançado proporções tais que a própria produção das suas unidades locais tem sido afectada, facto tanto mais preocupante quanto aquele construtor pretendia aumentar a sua produção local[2] para aproveitar o crescimento da procura que o mercado chinês regista.


Como uma desgraça nunca vem só, não apenas a Honda se debate com as dificuldades referidas como uma unidade local fornecedora de multinacionais como a Apple e a Hewlett Packard, a Foxconn, se está a confrontar com uma vaga de suicídios entre os seus trabalhadores que nem o anúncio de aumentos salariais da ordem dos 70%
[3] parece ter resolvido.


Aliás a oposição dos trabalhadores chineses às miseráveis condições salariais originou já os primeiros confrontos com forças da ordem; estes ocorreram na província de Jiangsu e foram protagonizados por trabalhadores da KOK Machinery (empresa que fabrica componentes em borracha) quando se viram impedidos de desfilar pelas ruas em defesa de melhores salários e melhores condições de trabalho, tendo resultado uma centena de feridos.


Mais do que a denúncia daquilo que humoristicamente alguns já designam pela Chinamérica, importa notar que, na China como em muitos outros locais, as miseráveis condições de trabalho já começam a movimentar as populações e nem os regimes mais opressivos o conseguirão impedir sempre.
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[1] Nomeadamente a Foshan Fengfu Autoparts, fabricante de sistemas de escape.
[2] Notícias dão conta da intenção da Honda aumentar a sua produção na China, das actuais 650.000 viaturas para 800.000.
[3] Note-se que o “generoso” aumento se traduz em subir os salários para valores entre os 1.200 e os 2.000 yuans, ou seja uns extraordinários 245 euros.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A CRISE E AS SOLUÇÕES

As notícias que não param de surgir sobre o evoluir (ou simples regredir) da situação económica e financeira na Europa – como as que noticiaram que a «Hungria admite bancarrota», ou como a que reporta o resultado de uma sondagem predizendo que a «Grécia deve entrar em incumprimento e sair da zona euro» - com as quais o ECONÓMICO nos bombardeia regularmente e que deveriam motivar outros comentários além das curtas e secas referências que mereceram, nãos e comparam em grau de desinformação com estoutra que, da mesma forma sintética e desinteressante, informa que «Sarkozy e Merkel pedem a Barroso para proibir ‘naked short-selling’».

É que mesmo entendo a necessidade de coordenar medidas no seio da UE, nada impede os dois distintos governantes das duas maiores economias daquela união económica e da Zona Euro de, simultaneamente com a proposta, procederem à proibição daquela prática nos respectivos territórios, salvo o facto de ambos pretenderem simplesmente transmitir a ideia de que estão a actuar para conter os desmandos da actividade financeira sem nada fazerem na prática.


Não só pelo simples facto de dois dos três principais mercados de capitais (Nova York, Londres e Tóquio) se localizarem fora do território da UE mas também porque existem outros subterfúgios (nomeadamente através de operações realizadas por empresas sediadas em “off-shores”) que assegurarão a perenidade do modelo financeiro especulativo que conhecemos, mas também porque enquanto os políticos e burocratas de Bruxelas discutirem o assunto tudo continuará a funcionar como antes.


Este é aliás apenas mais um exemplo do completo desnorte (será mesmo real ou tudo não passará de uma monumental encenação para que assim o pareça) que parece grassar nas capitais europeias perante o que já começou a ser classificado como uma mera manobra especulativa contra a moeda única.

Quando diariamente surgem notícias de comentários e críticas emitidas por altos responsáveis comunitários sobre a situação financeira de alguns estados-membros, que no mesmo dia ou No dia seguinte são objecto de correcções, ou quando os dirigentes anunciam medidas contraditórias, que outra coisa deve ser entendida?


O estado de calamidade também já estará a atingir as capacidades intelectuais dos nossos dirigentes ou estes simplesmente estão envolvidos no próprio embuste que dizem estar a combater?


O mesmo tipo de questão pode ser levantado à notícia que o TELEGRAPH publicou há dias e que reproduzindo o resultado a uma sondagem realizada a um quarteirão de economistas da City londrina[1], assegura que o euro desaparecerá em cinco anos[2]; sendo que a esta acresce ainda o facto de todos os “especialistas” consultados operarem num mercado e numa divisa hostil ao Euro e sobre cuja periclitante saúde financeira têm surgido algumas notícias[3].


Á míngua de um efectivo debate sobre as grandes questões de fundo – como actuar para melhor ultrapassarmos a situação de crise que vivemos – e num mundo cada vez mais agitado pelas preocupantes notícias sobre o desemprego crescente e cada vez menos esclarecido pelos órgãos de informação que, divulgam os discursos de circunstância dos políticos ou a conveniente desinformação dos especialistas financiados pelo actividade financeira especulativa, em pouco ou nada contribuem para o esclarecimento das grandes questões e das grandes opções de combate à crise, resta-nos continuar a repetir que o cerne da questão reside precisamente onde raramente é apontado: no centro de um modelo de crescimento instantâneo sustentado na especulação financeira, cada vez mais desligado da esfera produtiva das economias e agravado por um modelo enviesado de distribuição da riqueza efectivamente produzida que a tem concentrado num segmento muito restrito da população.
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[1] A City é a designação pela qual é vulgarmente conhecida o mercado de capitais londrino.
[2] A notícia pode ser lida aqui ou nestoutra do DN que refere a mesma fonte.
[3] Sobre a situação das finanças públicas inglesas e da libra ver, por exemplo, a notícia do PUBLICO que divulgou que «Reino Unido corta a fundo na despesa para travar o défice» ou esta da BBC que informa sobre os avisos deixados pelo novo primeiro-ministro sobre o défice.

sábado, 5 de junho de 2010

TENHAM MEDO... MUITO MEDO...

Talvez tudo não passe de uma manifesta coincidência, mas o facto é que depois da reunião de 2009 do Clube Bilderberg[1] ter ocorrido na Grécia, em poucos meses o país encontrava-se mergulhado numa das maiores crises (económica e social) que conheceu, e já circulam notícias sobre a reunião deste ano, que decorre em Espanha, entre os dias 3 e 6 deste mês, na localidade catalã de Sitges.

A avaliar pela informação veiculada pelo sítio LIBERTAD DIGITAL o ponto fulcral dos “trabalhos” será o debate sobre o futuro do euro e as “alternativas” ao dólar[2] , tema que além de particularmente actual é, por se tratar da antiga questão da criação de uma moeda global, um tema recorrente (a par com o criação de um governo global) entre os membros daquele grupo.
A recomendação de cautela para os nossos vizinhos espanhóis é mais que obviamente extensível a Portugal e, naturalmente ao conjunto da Zona Euro.


Desde a reunião do ano passado que os mais acérrimos partidários da globalização não têm deixado de manobrar nesse sentido e os seus convidados do mundo da política não têm perdido a oportunidade para irem instilando nas mentes dos seus ouvintes as “necessidades” do núcleo duro do Clube Bilderberg. Caso pareça exagerada esta ideia, veja-se a lista de “ convidados” para a edição em curso (pode ser encontrada nesta notícia da NUEVA TRIBUNA) que embora mencione a participação da ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, e não as de Paulo Rangel e Teixeira dos Santos (como noticiou aqui o I), nem por isso deixa de transmitir a importante imagem da “mistura” entre a alta finança, os patrões dos meios de informação e políticos criteriosamente escolhidos pelas suas qualidades de governantes ou de sérios candidatos à função.


Escusado será também lembrar que a crise que os notáveis irão debater é precisamente a que eles mesmos criaram e controlam, seja mediante claras manipulações dos famigerados “mercados”, seja mediante o controlo que exercem sobre os aparentes centros de decisão política (governos) e financeira (bancos centrais).


Embora as opiniões de muitos analistas se dividam quanto à melhor forma de combater a crise criada em torno do euro – aos que defendem a via monetarista pura e dura do cortes orçamentais e da redução do papel dos estados nas economias, opõem-se os que entendem que o fundamental no momento não é a redução a qualquer preço dos défices públicos[3] - tudo aponta para que a solução escolhida pelos políticos que nos governam (e que nos últimos anos têm marcado presença nos conclaves do Bilderberg) será a mais ruinosa mas a que melhor se adequa aos interesses daquele grupo.


É expectável que, tal como ocorreu há um ano na reunião que teve lugar em Vouliagmeni (Grécia), os notáveis de Bilderberg voltem a não alcançar o consenso na melhor estratégia a seguir; como que a provar isso mesmo note-se que na reunião do G20 (a nível de ministros das finanças) que decorreu ontem na Coreia do Sul, Dominique Strauss-Kahn, director-geral do FMI e um dos habituais frequentadores do Clube Bilderberg, apresentou a proposta que continua a dividir opiniões – a da aplicação de taxas especiais sobre o sector financeiro, como via contributiva para o financiamento da crise – e que, na ausência de consenso, voltou outra vez a ser adiada para nova oportunidade.
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[1] Para mais informações sobre as origens, o historial, o “modus operandi” e os participantes habituais nas reuniões BILDERBERG, ver o «post»: «NÃO DIGAM A NINGUÉM...».
[2] A notícia pode ser lida aqui na íntegra e em castelhano.
[3] A propósito desta questão ver a entrevista a Paul de Grauwe no PUBLICO.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ASNEIRA CRASSA

É inegavelmente uma das boas formas (e talvez até uma das mais suaves) para classificar a recente iniciativa israelita de abordagem[1] (no sentido literal e bélico do termo) de uma pequena frota com ajuda humanitária que se dirigia a Gaza.

No acto, militarmente reprovável pela óbvia falta de preparação e pelo mortos e feridos provocados, politicamente condenável pelo que representa de retrocesso no que se pretende chamar de um processo de paz, diplomaticamente deplorável pelo facto de ter envolvido cidadãos de um dos poucos estados muçulmanos da região com quem Israel mantém relações normais, terá resultado muito mais que mais uma disparatada demonstração de força. A prová-lo, até o insuspeito jornal suíço, LE TEMPS, publicou na sua edição de ontem o seguinte editorial[2]:


«Israel, um poder à deriva, por Frédéric Koller


Abrindo fogo, em águas internacionais, sob os activistas pro-palestinianos de quarenta nacionalidades que transportavam que transportavam ajuda humanitária para Gaza, Israel auto inflige-se um fiasco militar, diplomático e moral. Militar, porque à evidência ou os militares estavam mal informados – como pretendem – sobre a capacidade de resistência dos passageiros do Marmara ou usaram uma forma desproporcionada de força – como afirmam os responsáveis da «frota da paz».

Depois, uma derrota diplomática porque os governo israelita isola-se mais um pouco no plano internacional na sequência de um acto de agressão que o coloca numa situação de quase conflito com a Turquia, um dos raros países muçulmanos ditos «moderados» com o qual mantinha relações diplomáticas. As condenações dispararam não só no mundo muçulmano, mas também na Europa e na ONU, vário estados exigiram um inquérito às circunstâncias deste drama que custou a via a pelo menos dez pessoas.

Por fim, um derrota moral pois o recurso ao uso da foça contra 700 militantes que se descrevem como pacifistas e entre os quais se encontram deputados de diversos países europeus, um Prémio Nobel da Paz e um sobrevivente dos campos de concentração traduz a incapacidade de Israel convencer o resto do Mundo dos seus direitos senão pelas armas.

Se é legítimo interrogarmo-nos sobre a natureza precisa das relações entre o Hamas e a ONG turca que fretou três dos seis navios da frota, em contrapartida é absurdo qualificar-se como «terrorista» uma acção humanitária que beneficia de um amplo apoio internacional. O envio de um comando nocturno e depois as declarações apressadas das autoridades israelitas justificando o massacre dão, uma vez mais, a imagem de um governo israelita à deriva e surdo a todas as críticas.»


que espelha perfeitamente o ponto de vista, até dos mais moderados, na conturbada questão palestiniana e da estratégia quase suicida que o governo de Benjamin Netanyahu parece apostado em seguir. Aliás o mesmo tipo de análise é expresso num editorial do LE MONDE, que não hesita em classificar a situação como um triplo fiasco e termina referindo o bloqueio imposto por Israel ao território de Gaza:


«Aquele bloqueio não atingiu nenhum dos seus objectivos. Não enfraqueceu o Hamas, pelo contrário. Não obteve a libertação de Gilad Shalit, o soldado israelita capturado em 2006. Submete centenas de milhares de famílias a condições de existência indignas. Compreende-se que Israel queira impedir a entrada de armamento para o Hamas, mas compreende-se menos que nunca que não queira levantar um bloqueio que não tem razão de ser.»


Estes, a par com outras declarações de insuspeitos pró-americanos (e por extensão pró-israelitas), como as que ontem Angelo Correia proferiu perante as câmaras da SIC nas quais lembrou de forma clara a tradicional parcialidade dos estados ocidentais, sempre prontos a condenarem a inobservância árabe das decisões da ONU mas igualmente sempre lestos a desculpar ou simplesmente esquecer quando é a parte israelita a fazê-lo, podem bem ser o primeiro sinal de alguma mudança na abordagem da crise palestiniana.


Na mesma linha de pensamento se pode incluir a notícia da RTP que ontem anunciava que o «Egipto abre fronteira com a Faixa de Gaza», numa evidente mudança de política por parte do presidente egípcio Hosni Mubarak que parece ter passado a considerar mais gravosa a arrogância israelita que a militância islâmica e uma possível ligação entre o Hamas palestiniano e os fundamentalistas egípcios do grupo da Irmandade Islâmica[3] e que representa mais um óbvio contratempo para Israel.

As mudanças de discurso e de atitudes parecem tais que até a próxima discussão pelo Conselho de Segurança da ONU (como noticia o DN) do incidente poderá resultar em algo mais que o habitual veto americano a qualquer resolução mais dura contra Israel; ainda que seja pouco provável que os EUA deixem “cair” o seu “amigo” de tão longa data, a simples forma como diversas capitais reagiram aos acontecimentos deveria constituir um sério aviso para Tel-Aviv quando é já um claro sinal do isolamento judaico.

Mesmo correndo o risco de erro, sempre lembro aqui que o assalto à «frota da paz» pode bem assumir o mesmo efeito que teve na opinião pública mundial a difusão da imagem do assassínio a sangue-frio por um oficial vietnamita (o General Nguyan Ngoc Loan) de um guerrilheiro vietcong. Se o episódio agora ocorrido no Mediterrâneo e as mortes que provocou constituírem um ponto de viragem no conflito palestiniano, com as potências ocidentais a assumirem a mediação entre árabes e judeus num plano de maior igualdade, talvez tenha sido um derramamento de sangue útil, senão... foi apenas mais um acto inútil.
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[1] Veja a propósito a definição constante na Wikipédia: «Abordagem é o nome que se da a uma táctica naval de combate, quando duas ou mais naves se aproximam uma das outras para que seus combatentes de uma delas ou das demais, simultaneamente, entrem em combate corpo a corpo. A abordagem é também utilizada pelos piratas e corsários em abordagens e pilhagem de navios para logística ou mercante, sem escolta
[2] O editorial cuja tradução é da minha responsabilidade, pode ser lido aqui.
[3] A Irmandade Islâmica ou Sociedade de Irmãos Muçulmanos (jamiat al-Ikhwan al-muslimun) é uma organização islâmica fundamentalista, fundada em 1928 por Hassan al Banna após o colapso do Império Otomano, com o objectivo de combater as tendências seculares das nações islâmicas, recuperar os antigos ensinamentos do Corão e rejeitar as influências ocidentais.