quinta-feira, 2 de março de 2006

QUEM ACREDITA QUE NÃO FOI DE PROPÓSITO?

Notícias hoje divulgadas na imprensa dão conta do facto de um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal ter decidido anular uma acusação formulada pelo Ministério Público contra Isaltino Morais (presidente da Câmara de Oeiras), sob o argumento que um dos arguidos do processo não tinha sido ouvido na fase de inquérito.

Recordando que Isaltino Morais quando desempenhando as funções de ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente do governo de Durão Barroso, foi forçado a demitir-se por envolvimento num escândalo relacionado com contas bancárias sedeadas na Suíça e é agora acusado de corrupção passiva, branqueamento de capitais, abuso de poder e fraude fiscal, apenas consigo formular uma questão:

Ou os delegados do Ministério Público desconhecem a lei vigente (falta demasiado grave para ser contemplada sequer como hipótese), ou este “esquecimento” não é mais que uma manobra para permitir que “certas figuras” da cena político-partidária nacional se eximam a condenações garantidas?

Esta situação, já de si mais que grave, levanta outras questões:

Quem virá agora reclamar ao Procurador-geral da República mais um “rigoroso” inquérito?

A assim ser, quanto tempo iremos nós, cidadãos contribuintes, esperar pela conclusão do inquérito e pela desmontagem do que tudo indica tratar-se de mais uma “teia de favorecimentos”?

Para quem tenha julgado exagerado o comentário que há dias aqui deixei e a antevisão de mais uma habilidosa escapadela à justiça, termino citando um jornalista do DIÁRIO DE NOTÍCIAS de hoje, que concluía assim o seu artigo: «Ao que apurou o DN, o MP não vai recorrer. Assim, segue-se agora o interrogatório ao construtor civil. Mas, "o processo corre o risco de ser arquivado caso apresente factos que deitem por terra os crimes referidos na acusação relativos a todos os arguidos", disse ao DN fonte judiciária. Todavia, "se as explicações não forem satisfatórias, a acusação mantém-se"

Por outras palavras, já se vai preparando a opinião pública para o arquivamento de um processo que além do presidente do município de Oeiras inclui ainda Luís Todo Bom (antigo presidente da Portugal Telecom e antigo líder distrital de Lisboa do PSD), o filho de Isaltino Morais (Pedro Morais), ambos por fraude fiscal e Floripes Morais (irmã de Isaltino Morais), também acusada do crime de branqueamento de capitais.

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