quinta-feira, 27 de março de 2014

O PRINCIPAL SUSPEITO

Lamentavelmente, mas a realidade é o que é, um recente estudo do INE coloca o «Risco de pobreza em Portugal no nível mais elevado desde 2005» só pode ter sido recebida sem espanto, tanto mais quando em simultâneo se assegurou que a «Diferença entre muito ricos e muito pobres continuou a subir em Portugal».

Na prática, como refere o título do próprio estudo (18,7% em risco de pobreza em 2012), quase um em cada cinco portugueses corre risco sério de pobreza.


Como se esta situação não fosse suficientemente grave, outro dado constante no estudo agrava ainda mais este cenário, quando se constata que segundo a condição perante o trabalho aquele risco ultrapassa os 40% para os desempregados e atinge quase os 30% para os inactivos, grupo que integra os jovens que terminada a escolaridade nunca conseguiram aceder ao mercado de trabalho para poderem sequer adquirir a classificação de desempregados a par com os que já deixaram de procurar trabalho.


Em resumo, além do quadro geral traçado o estudo revela ainda que a distribuição dos rendimentos não tem parado de se agravar:


pois mesmo quando o sinal de pequena melhoria transmitido pelo coeficiente de Gini (medida de comparação de toda a distribuição dos rendimentos entre os diferentes grupos populacionais) rapidamente se constata que os 20% mais ricos têm rendimento 6 vezes superiores aos 20% mais pobres e que este diferencial quase duplica quando se verifica que os 10% mais ricos têm rendimentos quase 11 vezes superiores aos 10% mais pobres.

Embora isso muito custe a Camilo Lourenço (ver o artigo «Vamos lá falar da pobreza», onde o autor, sem conseguir negar que o «…maior contributo para o agravamento das taxas de pobreza veio dos jovens (24,2%) e dos desempregados (40,2%)» prefere salientar que a «…nossa pobreza radica nos erros de política económica, cometidos nas últimas três décadas»), dificilmente a política da austeridade expansionista escapará ao papel de principal suspeito do cenário de crescimento da pobreza, tanto mais que o crescimento do risco de pobreza entre a classe dos inactivos é um claro reflexo da confrangedora situação da geração dos trabalhadores jovens sem acesso ao mercado de trabalho e empurrados para trabalhos precários e mal remunerados.

Tudo isto é triste, tudo isto é a realidade para que foi atirada uma geração onde «Cerca de metade dos jovens europeus não consegue deixar a casa dos pais» e que se assumem «Pessimistas com o futuro, desconfiados com o poder», fenómeno de que muito se voltará a falar no rescaldo das próximas eleições europeias e da ascensão das direitas populistas e xenófobas.

sábado, 22 de março de 2014

DOLOROSAS

De forma tímida, quase envergonhada, surgiu esta semana uma reacção diferente ao já célebre Manifesto dos 70.

Não me estou a referir ao documento onde «Economistas internacionais apoiam reestruturação da dívida» nem sequer à óbvia reacção sintonizada, onde o «Governo diz que apoio internacional ao Manifesto dos 70 tem pouco relevo» e o «PSD desvaloriza apoio estrangeiro ao Manifesto dos 70», antes a algo bem mais singelo e menos adequado às manchetes jornalísticas; um artigo de opinião assinado por André Macedo, o editor do DINHEIRO VIVO, que junta ao debate a questão da dívida privada.

Mesmo que se entenda que a questão da crise da dívida pública denominada em euros é em grande medida uma questão de natureza e dimensão europeias e que as chamadas soluções nacionais, como a da “austeridade expansionista”, apenas contribuem para agravar, é inegável que a par das soluções que venham a ser gizadas na dimensão comunitária, outras (mais idênticas ou mais diversas) de dimensão nacional terão que ser engendradas para debelar a não menos importante questão do endividamento das famílias e das empresas.


Como apropriadamente recorda o artigo só a «…dívida das empresas ultrapassa 155% do PIB e não há maneira de baixar; é o maior fracasso deste período de ajustamento e no entanto pouco se fala dele» e as soluções primam por vagas quando não se resumem ao simples deixar passar o tempo na expectativa que a recuperação (pelos vistos outra maior que a que Governo e apoiantes apregoam) venha a resolver naturalmente o problema. O pior é que não só o montante é exorbitante como as estruturas familiares e o tecido empresarial, em especial as PME e as microempresas, padecem do mesmo mal que o sistema financeiro – uma crónica ausência de capitais próprios – cujo encobrimento em nada tem contribuído para a construção duma solução que, tarde ou cedo, culminará na inevitabilidade da tal reestruturação que a ortodoxia do poder recusa e que o tempo apenas tornará mais dolorosa.

Curioso em tudo isto é que, num claro reconhecimento dos erros que levaram à crise que atravessamos, foi notícia, também nesta semana, o acordo europeu assegurando que no futuro os «Bancos já não serão salvos por contribuintes», mesmo que numa análise mais cuidadosa se devesse dizer que com o «Parlamento e Conselho de acordo. Falta o resto...»

quarta-feira, 19 de março de 2014

A SOMBRA

Depois dos rios de tinta gastos pela imprensa ocidental no apoio à “revolução ucraniana”, cuja descrição evitou sempre aflorar a questão da verdadeira origem dos “patriotas” pró-europeus e das suas estreitas ligações aos sectores da direita mais radical (sobre esta questão ver o “post” «XADREZ DELICADO»), eis que perante a inevitável reacção russa passou a tema central dos comentadores o regresso da guerra fria.


Claro que para o europeu-comum a notícia de que os «Russos invadem base naval da Ucrânia» pode fazer recordar os tempos da Guerra Fria e agitar fantasmas que se julgavam enterrados. Mas a realidade é que salvas as devidas proporções a chamada crise ucraniana não passa duma reedição doutras crises, como a do Kosovo ou a da Geórgia, e de mero reflexo da desastrada condução dos negócios estrangeiros por uma UE, onde pontifica a liderança alemã, responsável pela criação junto dos ucranianos duma ilusão de adesão (quando na realidade ninguém na UE aceita a ideia) e de ter fomentado um acordo entre governo e oposição que nunca tencionou aplicar.

O que hoje se chama de reacendimento da Guerra Fria é tão só consequência de duas incapacidades: a americana na imposição de soluções através da projecção da sua força militar (como parecem longínquos os tempos do poderio da NATO e da 7ª Esquadra) e a europeia na concertação interna duma estratégia e na capacidade financeira para a sua aplicação.

quinta-feira, 13 de março de 2014

FELIZMENTE OS HOMENS NÃO SÃO TODOS IGUAIS

Não tendo por hábito usar este espaço para a mera reprodução de opiniões de terceiros proponho-me hoje quebrar essa regra a propósito dos comentários que na comunicação social têm surgido a propósito do “Manifesto dos 70”.


No “post” anterior deixei uma reacção a quente sobre o documento e a sua ideia central; agora, depois das reacções do primeiro-ministro e dos muitos que saíram à liça em defesa da “sua dama” – como foi o caso de José Gomes Ferreira que referindo (e bem) que os subscritores do Manifesto pouco ou nada contribuíram para uma verdadeira reforma do Estado ou para acabar com o ignominioso sistema de rentista, conclui a sua «Carta a uma Geração Errada» com o apelo para que os subscritores do Manifesto deixem os mais novos trabalhar, expressão duplamente infeliz porquanto recorda a que usou o ex-primeiro-ministro Cavaco Silva cujos governos foram os grandes responsáveis pela opção por um modelo de crescimento económico sustentado nas grandes obras públicas fortemente responsáveis pelo crescimento da dívida pública enquanto esquece (ou espera que esqueçamos…) que a geração dos mais novos é aquela que actualmente governa o País com os resultados que estão à vista – parece mais do que justificado deixar aqui o testemunho (hoje publicado no DN) de um dos subscritores do Manifesto, Viriato Soromenho Marques, personalidade que além de há muito criticar o modelo do resgate sempre enquadrou a questão na dimensão do quadro europeu onde o País se insere e no respeito da diversidade, porque…
«Os homens não são todos iguais

O manifesto propondo a reestruturação da dívida foi conhecido no mesmo dia em que o INE revelava os resultados da política levada a cabo pela troika com a cumplicidade entusiástica deste governo. Como se fosse uma lista de baixas numa guerra, ficámos a saber que o PIB do país recuou ao nível do ano 2000 e o emprego tombou até ao ano de 1996. Em dois anos e meio foram destruídos 328 mil empregos. Tudo isto para combater uma dívida pública bruta excessiva, que, no mesmo período, subiu de 94% para quase 130% (ultrapassando em 15% as precisões da troika)! Este manifesto limita-se a olhar a realidade de frente: o País caminha para o suicídio, e é preciso mudar o rumo. No quadro europeu. Pesando o interesse de Portugal, mas também o interesse comum do projecto europeu, de que muita gente, em Bruxelas e Berlim, parece ter-se esquecido. Perante isso, o primeiro-ministro, e uma escassa legião de escribas auxiliares, acusam os subscritores do manifesto de "pôr em causa o financiamento do país", de "inoportunidade", e, até, de falta de patriotismo. No século xix, dois grandes europeus, Antero de Quental e Nietzsche escreveram, ao mesmo tempo, quase a mesma coisa: o que separa os homens é a maior ou menor capacidade que têm de "suportar" a verdade de que depende a dignidade da vida. A verdade dói, mas a mentira mata. Tenho muito orgulho em ter assinado este manifesto ao lado de Manuela Ferreira Leite, ou Bagão Félix, pois a diferença crucial não é entre esquerda e direita, mas entre a verdade e a mentira. O que une este governo, e o atual diretório europeu, é a ligação umbilical entre o seu poder e a mentira organizada. O país e a Europa só poderão sobreviver se forem resgatados de líderes medíocres, com fobia da verdade.»

…e são cada vez em maior número os que rejeitam os malabarismos canhestros, como o de Passos Coelho que já vai dizendo que afinal os «Cortes temporários de salários e pensões são para durar», dos que dizem o que for preciso para se perpetuarem no poder.

terça-feira, 11 de março de 2014

AGORA…???

Foi com um sentimento misto, entre o espanto e a revolta, que li as referências a uma proposta onde «Notáveis de esquerda e de direita apelam à reestruturação da dívida portuguesa».

Espanto, porque, segundo a notícia, a iniciativa junta personalidades da direita e da esquerda, facto assinalável quando horas antes o próprio «Cavaco Silva volta a apelar ao entendimento entre os partidos» dizendo que «"É estranhíssimo que Portugal seja o País da Europa onde o diálogo entre as forças políticas é mais difícil"», numa clara afirmação do que Governo e Presidência da República têm recusado ouvir: a dívida portuguesa é impagável!

Revolta, porque desde o anúncio da política de resgates para a Zona Euro que venho denunciando neste espaço não apenas a respectiva inadequação mas principalmente a óbvia necessidade de incluir iniciativas visando a reestruturação da dívida como passo fundamental para a resolução do problema. No dia 27 de Março de 2011 e na sequência de mais uma reunião dos líderes europeus, escrevi no “post«BRICOLAGEM» que: «Decorrido quase um ano sobre a intervenção decidida a favor da Grécia – com o objectivo de salvaguardar aquele estado-membro das dificuldades financeiras resultantes duma forte subida das taxas de juro da sua dívida soberana – e cerca de seis meses sobre idêntica actuação a favor da Irlanda, os líderes europeus parecem continuar sem entender a origem e a verdadeira essência do problema que têm de enfrentar.

Persistindo não só numa abordagem individualizada – tratando cada estado-membro como um problema isolado – mas principalmente na aplicação de uma estratégia manifestamente desajustada para a dimensão e para o real objectivo dos acontecimentos, a Comissão Europeia, o BCE e os estados da Zona Euro mais não têm feito que adiar o problema, talvez na vã esperança que o tempo resolva a sua própria falta de capacidade. Persistindo na negação da existência duma estratégia financeira concertada contra o euro (sirva esta para escamotear as fragilidades do dólar americano ou da libra inglesa, ou enquanto actuação meramente predatória de ataque aos mais fracos para a realização de maiores lucros), recusando-se a admitir o fracasso da introdução da moeda única como factor gerador de convergência entre as economias da Zona Euro, bem como qualquer hipótese de actuação firme e concertada de oposição a quem especula contra a moeda europeia e preferindo apontar como responsáveis (e últimos pagadores) os cidadãos dos estados-membros mais flagelados, os líderes europeus, sob pressão da Alemanha, têm pactuado e contribuído abertamente para o alastramento da crise.»

Pouco depois, em Abril do mesmo ano, escrevia no “post” «CAMINHOS COM FUTURO» que a opção de reestruturação da dívida sendo «… tão válida e viável quanto qualquer outra, terá sempre que incluir três alterações significativas:

  • uma redução do capital em dívida (e isto é precisamente o que os credores mais temem e por isso é que tentam impor a presença do FMI como garante de que tudo, mas mesmo tudo..., será feito para tal não ocorra);
  • um aumento no prazo de amortização do capital (mesmo após a sua redução);
  • uma taxa de juro tendencialmente próxima da taxa do BCE, ou seja uma taxa muito inferior à aplicada à Grécia e à Irlanda (6% ou mais);

salvo o que o processo de resgate se assemelhará mais a uma asfixia que a um verdadeiro auxílio e então, a prazo, os credores voltarão a sentir os mesmos receios, pois as economias do sul da Europa (Espanha incluída) não dispõem de condições próprias para assegurar crescimentos sustentados e persistentes no tempo suficientes para assegurarem o pagamento da totalidade das dívidas acumuladas.

Acrescente-se ainda que parte destas dívidas serviram (e continuarão a servir no futuro) para assegurar os superavites das balanças comerciais dos parceiros europeus (e principalmente da Alemanha) que agora fomentam entre as opiniões públicas nacionais a ideia de que os países do sul têm vivido acima das suas possibilidades, mas a cuja capacidade de consumo devem boa parte do seu crescimento económico.»

Assim sendo e depois de tantas vezes ter abordado o assunto, esta iniciativa apenas pode ser entendida como débil e tardia, pouco contribuindo para minorar os prejuízos acumulados…
  

…e ainda menos para prevenir os futuros.

sábado, 8 de março de 2014

CONCENTRAÇÃO DA RIQUEZA

Terminado de ler o artigo de Nicolau Santos, «BELMIRO E OS TRABALHADORES ALEMÃES», no qual a sua assumida costela de keynesiano (o conjunto da suas crónicas é regularmente publico num “blog” do EXPRESSO intitulado precisamente «Keynesiano, graças a Deus») o leva a criticar abertamente a afirmação noticiada pelo NEGÓCIOS de que aquele capitão de indústria afirmou que os «Salários só podem aumentar quando portugueses aumentarem produtividade», respigo o parágrafo final: «Há muitas razões para a baixa produtividade da economia portuguesa. Mas as principais não têm a ver com os trabalhadores, ao contrário do que Belmiro de Azevedo disse. Mas como uma inverdade, muitas vezes repetida, passa a verdade, é bom que se desmonte a muito papagueada inverdade», que sintetiza as razões que contrapôs à afirmação e justifica o aprofundamento da questão.

Como noutras ocasiões escrevi (ver os “posts” «SOBRE A PRODUTIVIDADE», «PORTUGAL – UM RETRATO ECONÓMICO» e «IMAGENS FATAIS») tornou-se moda atirar aos incautos o chavão da fraca produtividade para justificar as políticas de benefício do capital, como se a produtividade não fosse fruto da conjugação de dois factores (trabalho e capital) e cada vez mais influenciada pelo tipo de bens produzidos (como refere Nicolau Santos) e pelos preços praticados em diferentes mercados.


A preocupação de Belmiro de Azevedo insere-se na mesma linha de pensamento que levou, quase em simultâneo, a ouvir-se no Parlamento da boca do primeiro-ministro Passos Coelho que «Não podemos regressar aos salários e pensões de 2011», mas não reflecte minimamente a realidade duma economia em crise onde as maiores fortunas continuam a crescer (segundo a mais recente lista da Forbes, Américo Amorim, Soares dos Santos e Belmiro de Azevedo viram as suas fortunas aumentadas em cerca de 17%) e que só no caso de Américo Amorim representa 2,5% do PIB nacional, algo que na liberal América só é alcançado pelo conjunto das cinco maiores fortunas.


Dito isto será preciso voltar a repetir que o que desde a primeira hora está em curso não é um processo de recuperação da economia nacional (fragilizada precisamente pelos mesmos que pretendem agora apresentar-se como os salvadores), antes um despudorado processo de concentração da riqueza nacional nas mãos de um pequeno número de privilegiados?

quinta-feira, 6 de março de 2014

XADREZ DELICADO

Enquanto a situação na Ucrânia continua em desenvolvimento, seja mediante avanços ou recuos das partes (e de quem as apoia), continuam também as notícias e os comentários que se na generalidade da imprensa ocidental são unanimemente favoráveis aos patriotas ucranianos, aqui ou ali deixam o alerta sobre a declarada intenção dos grupos de extrema-direita não deporem as armas até à vitória final.

Quanto mais tenho lido sobre a crise ucraniana e sobre as motivações e contradições de todos os intervenientes, mais me recordo do aforismo que refere que uma imagem vale mais de mil palavras, muito bem utilizado neste “cartoon” de Patrick Chappatte…


…onde muito a propósito a Ucrânia é retratada como um tabuleiro de xadrez onde os interesses russos, personificados em Vladimir Putin, são representados por autotanques e blindados e do lado ocidental surge um anónimo jogador (a UE continua dividida pelos interesses específicos de cada um dos seus membros e sem dispor de representante oficial) aconselhado por Obama (a personificação dos interesses norte-americanos) e em visível estado de dificuldade para movimentar as peças tradicionais do jogo.

Para sorrir… e reflectir!

terça-feira, 4 de março de 2014

EURO-REFORMA

Assim como se fosse uma grande novidade, informava ontem o I que a «Europa continua muito pior do que antes da crise de 2008», conclusão que teria resultado dum debate que decorrera recentemente em Bruxelas e contara com a presença do candidato dos Liberais e Democratas (ALDE) à Presidência da Comissão Europeia, Guy Verhofstadt, do comissário europeu do Emprego, László Andor, do presidente do Conselho Alemão de Especialistas Económicos, Christoph Schmidt, e de Zsolt Darvas, investigador sénior no Centro de Estudos Bruegel.

Como se não bastasse o facto do debate (o primeiro dum ciclo de conferências sob o tema genérico da Euro-reforma) ter ocorrido no dia 29 de Janeiro, há mais de um mês, a própria conclusão só poderá constituir novidade para quem ignore estoicamente a realidade europeia.

Ainda que a aparente homogeneidade entre os participantes (quase todos enfileirados na predominante corrente neoliberal, da qual o único que sai um pouco fora da linha poderá ser o húngaro Zsolt Darvas) pudesse sugerir outra linha de conclusão, o que ressaltará é a crescente dificuldade em negar as evidências, algo que já se começara a fazer sentir com o aparecimento dos primeiros avisos para o expectável prolongamento dum clima recessivo no cenário europeu e em especial nos países do Sul da Europa e que o ex-primeiro ministro belga, Guy Verhofstadt, comparou com um “inverno económico” do tipo japonês (país que ainda não logrou recuperar integralmente desde a crise despoletada no final do século XX).


De importante ressalta, afinal, a informação que na Europa se debate a necessidade e a forma de reformar a União e a sua moeda enquanto em Portugal se insiste no discurso da ausência de alternativas e se assiste ao regresso do Relvas.