quinta-feira, 9 de março de 2006

FESTA PARA QUEM?

O juramento de posse de um novo Presidente da República ainda é um momento significativo, especialmente num país onde a tradição democrática é muito recente.

Formular votos para que o país “ande” melhor, não só é um lugar comum mas também uma banalidade, pelo que talvez seja mais adequado desejar sorte a todos nós.

E digo sorte, porque após a eleição para presidente de um candidato que elegeu como “leit motiv” da sua campanha o seu potencial sebastiânico e a sua capacidade de “salvador da pátria”, espero que muitos dos seus votantes não venham a compreender muito rapidamente o logro em que os fez cair.

Também digo sorte, porque Cavaco Silva bem vai precisar dela para sair sem demasiada mácula da derrocada do cenário que construiu. Precavendo-se, começou ainda antes de tomar posse a manifestar o receio dos portugueses estarem a acalentar expectativas demasiadamente altas (matéria na qual posso desde já tranquilizá-lo porque quase 50% dos eleitores que votaram nas últimas eleições presidenciais sabem perfeitamente que não reúne condições para conduzir uma real e efectiva mudança no país e se as tivesse tê-lo-ia feito quando dirigiu o governo durante cerca de 10 anos), mas logo no discurso de posse optou por enunciar as suas prioridades para o país.

Assim, ficámos a saber que para o novo PR importa:
- criar condições para um crescimento mais forte da economia portuguesa;
- recuperar as falhas na qualificação dos recursos humanos;
- criar, urgentemente, condições para o reforço da credibilidade e eficiência do sistema de justiça;
- assegurar a sustentabilidade do sistema de segurança social;
- credibilizar o sistema político;
mas, sobre uma das suas principais funções, a de assegurar o cumprimento da Constituição que acabara de jurar, Cavaco Silva nada disse...

Depois deste discurso do novo primeiro-ministro (eu disse primeiro-ministro? desculpem, queria dizer presidente da república!) resta-me desejar boa sorte para todos os que vamos continuar a suportar financeiramente os erros e os desmandos de políticos (situação a que já me referi aqui) que com total impunidade vão desfilando pelos lugares do poder, beneficiando de múltiplas mordomias e vastíssimas benesses enquanto despudoradamente continuam a exigir esforços crescentes aos outros.

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