Das notícias que hoje li gostava de ressaltar o artigo de opinião de António Costa Pinto hoje publicado no DIÁRIO DE NOTÍCIAS, onde aborda a fraca qualidade da democracia na Região Autónoma da Madeira.
A propósito do mais recente episódio revelador de uma total ausência de sentido democrático (sobre o qual já me pronunciei aqui), o autor remete o caso madeirense para um conceito que começa a fazer escola, o da existência de “semidemocracias”. Conceito que consiste na graduação dos regimes do tipo democrático com base na apreciação prática de parâmetros como o maior ou menor respeito pelas constituições, a rotatividade dos partidos políticos pelo poder, a existência, ou não, de formas de coação por parte do poder e que conduz o autor à conclusão de que após 30 anos de um regime «…de monopólio deixaram na Madeira uma marca tão durável de clientelismo político que, mesmo que um discípulo do mestre fundador comece a mudar algo o risco de ficar tudo na mesma é grande».
Sem desmerecer do trabalho realizado e do aparente esforço para alertar sobre a situação que se vive naquele arquipélago, parece-me que o Prof. Costa Pinto é no mínimo brando, quando conclui que a ausência de independência daquela região do país comporta em si grandes vantagens. Esta conclusão é tanto mais óbvia quanto continuamos a ser nós, os contribuintes do continente, a suportar os custos de um regime de tipo “bonapartista” que Alberto João Jardim e os seus sequazes instalaram na ilha.
Para confirmar esta asserção note-se que ao “pequeno chefe” não tem faltado sequer o aparato de algumas importantes batalhas (na ausência de campo militar o futebol tem representado um digno sucedâneo) nem a prática de uma política local do tipo “TUDO POSSO, QUERO E MANDO” que na ausência de um total poder autocrático tem sido assegurado pelo estreito controlo das benesses financeiras que o governo central tarda em eliminar (sobre este assunto ver o que aqui propus) e que Alberto João Jardim tem usado em benefício próprio, para assim se manter no poder.
Tempos virão em que as reais razões para a sobrevivência política de semelhante personagem chegarão ao conhecimento público. Para já tenho como certo que não é apenas o suporte do aparelho nacional do PSD o responsável por esta situação, nem a “excepcional qualidade do trabalho que tem desenvolvido em prol do crescimento e bem-estar das populações madeirenses”, havendo então que procurar a explicação noutro lugar, quiçá nos meandros das poderosas famílias insulares…
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