Após o fracasso no processo de privatização do banco romeno Banca Comerciala Romana, o BCP formalizou ontem, pela voz do seu presidente, Paulo Teixeira Pinto, uma OPA sobre o BPI.
Há muito que analistas financeiros e do mercado de capitais apontavam o BPI como alvo preferencial numa acção deste género; na sua posição de quinto banco no ranking nacional o BPI já havia sido alvo de anteriores tentativas, nomeadamente uma do BES que tentou um acordo de fusão que falhou já na recta final.
Esta estratégia do BCP também não se apresenta como grande novidade, uma vez que já no tempo da gestão de Jardim Gonçalves este havia crescido por via da tomada da maioria do capital de outros bancos, como o BPA, o Mello e o SottoMayor, alcançando assim a dimensão julgada necessária à sua manutenção como unidade independente.
Conhecedores dos terrenos que pisam os estrategas do BCP oferecem um preço interessante para a aquisição da totalidade do capital do BPI, cuja administração, liderada por Fernando Ulrich, está agora colocada numa posição delicada e esperará por sinais dos seus principais accionistas. Entre estes contam-se o banco brasileiro Itaú e o espanhol La Caixa, com 16% do capital cada um, os quais poderão opor-se, ou não, à iniciativa do BCP.
Enquanto o mercado aguarda as reacções sempre vou lembrando que outros potenciais “rivais” do BCP podem surgir no horizonte. Não sendo de esperar que o Grupo Espírito Santo avance qualquer iniciativa, já os espanhóis do BBVA, do Banco Popular e até do Santander, poderão entender esta como uma oportunidade para entrar no mercado português ou para aumentar a quota de mercado que já possuem.
Duas notas finais sobre esta realidade. O BPI vê fortemente ameaçado o seu futuro enquanto empresa independente (quem quer que o venha a comprar não deverá manter a marca) e o BCP, caso se concretize a OPA que lançou, poderá constituir um alvo ainda mais apetecível para um banco de maior dimensão, europeu ou de outra origem.
Como se vê não faltam dúvidas sobre o desenrolar desta proposta, nem sobre os acontecimentos ocorridos nos últimos dias na bolsa nacional, quando sem qualquer razão aparente os títulos do BPI começaram a registar movimento e valorização inesperadas. Com o anúncio da OPA do PCP ficou claro que “alguém” com conhecimento prévio daquela intenção começou a actuar com vista à obtenção de ganhos extraordinários (este tipo de actuação, baseada em informação privilegiada, é o que normalmente se designa por “inside trading”), o que constitui violação a regras e normas de funcionamento dos mercados de capitais que tem que ser apurada de imediato e o(s) seu(s) autor(es) pronta e exemplarmente punidos.
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