Cumpriu-se ontem o último dia de Jorge Sampaio como Presidente da República Portuguesa e numa altura em que tanto têm sido escritos sobre os seus dois mandatos, fica-me a tristeza da sua saída.
Tristeza, porque foi o mais republicano dos presidentes de que tenho memória (lamento ter nascido no tempo do Estado Novo e assistido àquele desfile de figuras decorativas) e porque apesar do seu “low profile” foi conseguindo alguns resultados de relevo como aconteceu com o caso de Timor-Leste e com a demissão (apesar de tardia) do governo de Santana Lopes.
Tristeza, porque a sua bonomia e o seu sentido do correcto o fez aceitar a demissão de Guterres e Durão Barroso (com a agravante deste o ter feito por mero interesse pessoal) e de sair sem ter demitido, ou exigido, a demissão de um Procurador-geral da República que volvidos quase dois meses ainda não conseguiu apresentar explicação para o facto de informação de natureza confidencial (envolvendo figuras da presidência da república e do governo), despropositada para o desenrolar de um processo judicial, constar dos respectivos dossiers, podendo assim tornar-se acessível a qualquer pessoa que os manuseasse.
Que o Procurador-geral da República ache que pode fazer tábua rasa de tudo isto e até ignorar o Presidente da República, é suficientemente grave para que eu – cidadão comum que corro o enorme risco de algum ver dados pessoais e confidenciais incluídos na investigação de um qualquer outro processo judicial – exija a demissão deste PGR, uma rápida explicação para os factos ocorridos e garantias de que estes não voltarão a ocorrer (aviso que não aceito a palavra de ninguém!). Quero ver actos e mudanças no funcionamento da justiça neste país, para que num próximo “post” possa falar de que existe Justiça em Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário