Quando se apresta a concluir-se o terceiro ano da invasão do Iraque e as tropas de ocupação americanas lançaram uma nova ofensiva contra a resistência no chamado “triângulo sunita”, importa começar a analisar esta situação pelas causas próximas e distantes que ditaram o início daquela operação.
Após os atentados de 11 de Setembro 2001 nos EUA, rapidamente a administração americana apontou a responsabilidade da Al Qaeda e de Bin Laden e deu início a uma operação de caça ao homem que conheceria na invasão do Afeganistão, em 7 de Outubro do mesmo ano, o seu ponto culminante.
Para além da estranheza na montagem demasiadamente rápida daquela operação militar (normalmente algo que deveria demorar vários meses, a menos que o atentado e os autores já fossem conhecidos e a operação militar já estivesse pronta para ser executada), não foi de espantar que o poderoso exército americano tenha eliminado rapidamente a resistência das forças taliban e substituído o regime do mullah Omar por um outro mais adequado às suas pretensões; espantoso é que até esta data os americanos ainda não tenham logrado capturar Ossama Bin Laden.
Rapidamente encerrado o ciclo afegão, pese embora se mantenham tropas americanas e da ONU no território e este continue muito longe da estabilidade política e militar que normalmente se lhe quer atribuir, os EUA de pronto começaram a agitar o espectro de outra “encarnação do mal”. Depois de Bin Laden (ex-aliado americano na guerra afegã contra a ocupação soviética) era agora a vez de outro ex-aliado (este na guerra contra o Irão), o presidente do Iraque, Saddam Hussein, que a administração americana acusava de apoio à Al Qaeda, da disponibilidade de arsenais de armas de destruição em massa e de violação dos direitos humanos.
Após um período de troca de inflamadas acusações e de fracasso na aprovação de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU, que condenasse o Iraque e fundamentasse a invasão já preparada, no dia 20 de Março de 2003 as tropas americanas e inglesas iniciaram o assalto ao Iraque, contra a opinião da generalidade dos países europeus e da opinião pública mundial.
Anulada a resistência das tropas iraquianas, ocupada a capital, Bagdad, no dia 9 de Abril de 2003 e posto em fuga Saddam Hussein, George W Bush declarou no dia 1 de Maio o fim das operações militares. Porém, desde essa data que a sistemática realização de atentados (principalmente mediante recurso a bombistas suicidas) contra colunas militares e outros alvos e acções de “limpeza” militar e efectuadas por grupos radicais já terão provocado a morte de mais de 30.000 civis (Fonte: www.iraqbodycount.net/).
Entre as muito faladas acções bombistas (e uma das primeiras a ocorrer) foi perpetrada no dia 19 de Agosto de 2003 contra as instalações da ONU em Bagdad, tendo vitimado, entre outros o Representante Especial de Koffi Anan, Sérgio Vieira de Melo, que procurava instalar um sistema de apoio e auxílio às populações iraquianas.
Apesar dos esforços das tropas no terreno e das centenas de “observadores” enviados, até esta data nunca foram localizadas as armas de destruição em massa nem encontradas quaisquer provas que ligassem o laico regime de Saddam Hussein a grupos de militantes islamitas nem à Al Qaeda.
Caída por terra a grande razão para a invasão a administração americana passou a centrar o seu discurso na importância da instalação de um regime democrático no Iraque.
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