Parece instalada a polémica nos EUA em torno do facto das operações comerciais, em seis dos seus principais portos(Nova Iorque, Nova Jérsia, Baltimore, Nova Orleães, Miami e Filadélfia), estar a cargo da Dubai Ports WORLD, empresa com sede no Dubai, que recentemente lançou uma OPA amigável sobre a britânica P&O (Peninsular and Oriental Steam Navigation) que era a anterior responsável daqueles movimentos.
Acontece que a administração americana que agora autorizou esta mudança, associou em tempos os Emiratos Árabes Unidos com a Al-Qaeda, considerando – sem nunca o ter provado – o seu sistema financeiro como agente reciclador de dinheiro, ouro e diamantes por conta daquela organização, mas que vem agora defender a presença deste novo operador portuário e até já considera aquele estado como aliado na luta contra o terrorismo.
Para melhor se entenderem as razões para a polémica e a preocupação, recorde-se que desde o 11 de Setembro de 2001 que uma das principais preocupações com a segurança e vulnerabilidades dos EUA prende-se com os movimentos portuários e em particular os milhões de contentores que circulam sem inspecção pelo mundo (dados da administração americana estimam que apenas 5% daquele movimento será controlado).
Para um estado que tem desenvolvido quase uma paranóia em matérias securitárias, convenhamos que esta decisão é estranha…
Talvez não tanto para quem queira detalhar o que existe por detrás da DP WORLD.
Esta empresa é presidida por Ahmed bin Sulayem (por coincidência um dos três principais conselheiros do xeque Mohamed bin Rashid al Maktoum que é vice-presidente dos Emiratos Árabes Unidos e cuja fortuna pessoal se confunde com a do Dubai), é presidente da Istithmar, a holding de investimento das riquezas do emirato, e ainda de uma empresa de promoção imobiliária, a Nakheel. A empresa petrolífera do Dubai (a Adnoc) mantém laços próximos com a norte-americana Exxon-Mobil, que beneficia de ligações muito influentes junto da Casa Branca.
Por último o novo administrador da administração marítima americana, Dave Sanborn, é um antigo responsável da DP WORLD para a Europa e América Latina.
Mesmo que tudo isto não fosse suficiente para explicar esta situação aparentemente anómala, recordo que logo após o 11 de Setembro houve quem trouxesse a público as profundas ligações entre a família Bush (principalmente o pai George Bush, ex-presidente dos EUA) e a família Bin Laden, da qual é membro Ossama Bin Laden, presumível líder da Al-Qaeda, facto que seguramente esteve na origem das facilidades encontradas por vários membros desta família para abandonarem os EUA logo após o atentado, quando tal não era fácil para os próprios cidadãos americanos.
Como se vê, não é apenas a pura lógica dos negócios e das tão propaladas e defendidas leis do mercado, que regula o mundo; também é indispensável dispor dos relacionamentos adequados para alcançar o que não estará ao alcance do comum dos mortais.
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