Na sequência da intervenção de ontem de Cavaco Silva que parece preocupado com a possibilidade dos eleitores “errarem” o seu sentido de voto, julgo oportuno trazer aqui algumas razões pelas quais os eleitores devem realmente pensar duas vezes antes de votar em Cavaco Silva.
1- Como muito bem terá dito o candidato não compete ao Presidente da República legislar e ainda menos governar, por isso é indiferente a qualidade dos seus conhecimentos académicos.
2- No que respeita à credibilidade que envolve o candidato e às suas potenciais capacidades para a criar, nem sequer vou aqui recordar o que dele têm dito alguns dos seus antigos colaboradores, mas tão só a reduzida credibilidade que pode ter quem já por duas vezes manteve o país em suspenso em torno dos seus “tabus”. O que de todo em todo o país dispensa são pessoas que subordinam tudo ao primado da importância da sua vontade.
3- No que respeita ao possível contributo para a criação de um clima de confiança, recordo que foi no tempo dos governos a que Cavaco Silva presidiu que o país assistiu à primeira das grandes corridas ao aparelho de Estado por parte da clientela política (quem já esqueceu o célebre Estado Laranja). Se isto não bastar para convencer os mais cépticos, lembro ainda que a política que hoje é apontada como responsável pela falência da Segurança Social, através do alargamento dos quadros da função pública e dos aumentos salariais foi iniciada durante o consulado de Cavaco Silva.
4- É difícil entender a imagem de honestidade, seriedade, de rigor ou intransigência em relação à corrupção quando esta tenta ser projectada por alguém que presidiu a governos que deram início ao processo de “negociatas” envolvendo a venda de empresas públicas (justificadas como necessárias para a constituição de grupos económicos competitivos) para mais tarde virem ser vendidas a terceiros (claro que os lucros ficaram nas “mãos” dos tais “grupos económicos”).
Usando as próprias palavras do candidato, citado numa notícia do PUBLICO, talvez Cavaco Silva «…consiga injectar uma dose nova de confiança, abrir uma nova janela de esperança», mas isso será seguramente para aqueles a quem ele já serviu nos dez anos que governou o país.
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