segunda-feira, 14 de novembro de 2005

A PROPÓSITO DE UMA RÁPIDA VISITA DIPLOMÁTICA

Muita gente, como eu, pensa que o conflito israelo-palestiniano resulta, em parte, de uma correlação desproporcionada de forças.

Um número menor pensa que um importante problema advém do desequilíbrio de meios entre as partes, facto agora confirmado pela secretária de estado Condoleezza Rice.

O que de todo em todo ignorávamos é que um Estado que mantém em actividade um exército com a dimensão e o grau de prontidão dignos de “tempos de guerra”, que possui armamento moderno e sofisticado (que bom é poder contar com o “amigo americano”) e até armamento nuclear, necessita da “colaboração” da entidade que tenta gerir um território que esse mesmo exército controla para evitar as acções de grupos palestinianos armados.

Por incrível que pareça foi isto que Condoleezza Rice disse durante uma rápida visita a Israel e à Autoridade Palestiniana. É verdade que também deixou alguns suaves conselhos ao governo de Ariel Sharon, nomeadamente sobre a necessidade de flexibilizar os movimentos das populações palestinianas entre as diferentes partes do seu território.

Mas, facto real é que a administração americana parece continuar empenhada em implantar regimes democráticos nos diversos territórios do Médio Oriente, como se isso fosse um modo de organização sócio-política natural na região e panaceia para as profundíssimas desigualdades entre os diferentes estados e entre a generalidade dos seus habitantes e as elites governantes.

A avaliar por mais esta iniciativa diplomática norte-americana, alegrem-se os núcleos empresariais e as redes de “mercadores” de armamento, que o conflito israelo-árabe está para continuar por muitos e bons anos.

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