quinta-feira, 24 de novembro de 2005

NOVIDADES NA PALESTINA?

A avaliar pelas notícias que chegam sobre a demissão de Ariel Sharon poderão vir a ocorrer algumas novidades naquela zona do Médio Oriente.

O jornal israelita Ha’Aretz, num editorial, dá conta da possibilidade do processo de paz para aquela região poder vir a registar alguns desenvolvimentos positivos, embora considere ser ainda cedo para aplaudir a estratégia do primeiro-ministro demissionário.

Ao que parece, cansado das limitações impostas pela força política que ajudou a lançar, o Likud, Sharon decidiu patrocinar um novo partido e com ele apresentar-se ao eleitorado nas eleições gerais que se avizinham.

Esta iniciativa, para além de agitar profundamente as águas do bipartidarismo israelita (o poder tem sido sempre repartido entre os conservadores do Likud e os mais liberais Trabalhistas, falando-se agora na hipótese do novo partido vir a relegar o Likud para a incómoda posição de terceira força política) já originou a abertura das “hostilidades” para a sucessão a Sharon. De momento o melhor posicionado é Benjamin Netanyahu, tradicional opositor no interior do Likud e também à política de retirada da Faixa de Gaza, que já acusou Sharon de “ditador”, “corrupto” e “responsável pela insegurança” que actualmente vive o estado judaico.

Já o editorialista do New York Times questiona se Sharon, o centrista e os eleitores israelitas conseguirão transformar a retirada de Gaza em novos avanços no processo de paz. Por seu lado o nosso vizinho El País não esconde alguma desconfiança sobre o que poderá oferecer um Sharon, agora reconvertido em centrista, de vantajoso à Autoridade Palestiniana que não tenha já oferecido.

Um dos grandes problemas que se colocam à paz na região é o tema da análise do Financial Times quando recorda a importância da opção que o Hamas (movimento islamista palestiniano) poderá, ou não, fazer de abandonar a luta armada em benefício de um processo negociado para a paz. A realização de eleições em território palestiniano, se forem reconhecidas pelos israelitas (isto é se o resultado for do seu agrado) poderão ser a chave para a manutenção da esperança em torno do “roteiro para a paz”, patrocinado pela administração americana.

Prudentemente o jornal palestiniano Al-Quds, citado pelo Courrier International, apenas espera que das próximas eleições israelitas, hoje mesmo marcadas pelo presidente israelita, Moshe Katsav, para dia 28 de Março de 2006, resulte um governo favorável à aplicação do processo de paz.

Em resumo, poder-se-á dizer que todos esperamos um futuro melhor para aquela região do mundo, embora as esperanças não possam de modo algum ser colocadas muito alto quando ao longo do tempo tem vindo a ser tecida uma intrincada teia de interesses na região (uns mais legítimos que outros), os intervenientes são por demais conhecidos e o historial recente de agitação, confrontos e diálogos de surdos tem constituído o dia a dia de uma das regiões mais conturbadas do planeta.

Como se não bastasse um conflito que embora de intensidade variável tem perdurado desde meados do século XX, continua a existir quem regularmente alimente o fogo com mais material incendiário (e neste capítulo Ariel Sharon tem uma larga conta no seu activo) e lá diz o velho ditado que «burro velho não aprende línguas...»

Sem comentários: