terça-feira, 1 de novembro de 2005

1 DE NOVEMBRO DE 1755

Cumprem-se hoje 250 anos desde a grande catástrofe que se abateu sobre Lisboa.
Multiplicam-se as iniciativas em memória dos mortos (contabilizações diversas apontam para duas a três dezenas de milhar), mas continuam por realizar muitas importantes iniciativas em benefício dos vivos (recorde-se que na época Sebastião José de Carvalho e Melo alcançou a notoriedade graças a um elevado sentido de pragmatismo que a história consagrou na sua célebre frase: “Enterram-se os mortos e cuida-se dos vivos”).

É assim que para além da falta de planos de emergência (se existem a generalidade da população desconhece-os completamente) continuamos totalmente incapazes de desenvolver uma cultura de segurança.

Ao longo dos anos temos vindo a assistir a sucessivas remodelações e reformulações dos programas de ensino (básico e secundário) sem nunca alguém ter mostrado a mais pequena preocupação pela divulgação de conhecimentos e práticas relativas a comportamentos em face de catástrofes.

Quantos estabelecimentos de ensino possuem planos de emergência? Em quantos destes o seu pessoal docente, auxiliar e discente conhece os procedimentos a aplicar em tais situações? Quantos exercícios de simulação se realizam com o objectivo de minimizar danos humanos em situações de catástrofe?

A preocupação das autoridades nesta matéria tem sido no mínimo inexistente e não fora a actuação de muitas Associações de Pais, com a colaboração de Corporações de Bombeiros e Autarquias, e o panorama nacional seria ainda mais desolador. Mesmo face à reduzida probabilidade de vermos repetido, num horizonte de vida normal, um fenómeno idêntico ao de 1755 nada se perde na divulgação de cuidados e conselhos de segurança, uma vez que os jovens de hoje serão aqueles que amanhã terão de enfrentar a tarefa de formar as gerações que se lhes seguirão e é assim que, geração após geração, iremos criando uma verdadeira cultura de segurança.

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