sexta-feira, 4 de novembro de 2005

ALIENAÇÃO DA COMPAL

A imprensa especializada e a generalista fizeram, ontem, eco da notícia da decisão do grupo Nutrinveste vender a Compal e a Nutricafés a um consórcio constituído pela Sumolis e pela Caixa Geral de Depósitos, que irão constituir uma nova empresa (detida a 20% pela primeira e a 80% pela segunda) para gerir as novas aquisições.

Na corrida pelo negócio encontravam-se outros pretendentes como a 3i, sociedade de capital de risco inglesa que apoiava um MBO (management buy out) liderado por António Pires de Lima, presidente executivo da Compal, a Centralcer, a Refrige e a Unicer.

Para a história ficam os comentários de alguns operadores de mercado que consideram o preço pago (426 milhões de euros) como demasiado elevado e a intenção já manifestada pela Sumolis de iniciar um processo de fusão com a Compal.
Sendo ainda demasiado cedo para avaliar os efeitos deste negócio, nomeadamente na unidade industrial da Compal que se localiza em Almeirim, tudo indica que os novos proprietários não deverão proceder à liquidação da unidade dado que o aparente maior interesse residirá na complementaridade de produtos e no potencial aproveitamento da boa implantação da Compal no mercado espanhol. Este facto constituirá uma boa notícia para o concelho de Almeirim, uma vez que aquela é uma das raras fábricas implantadas no concelho, fonte de emprego para parte importante da população residente, logo origem de estabilidade e potencial foco de atracção para novos residentes.

Mais preocupante pode ser um comentário que hoje mesmo ouvi e que justificava a participação da CGD no negócio como forma de evitar a transferência da empresa para “mãos estrangeiras”… lembrou-me logo um negócio que em tempos ocorreu quando um governo (chefiado por Cavaco Silva) negociou com um empresário (António Champalimaud) a venda de um banco, sob o argumento que por essa via era garantida a manutenção do respectivo centro de decisão em Portugal; sucede que menos de meia década volvida o referido empresário trocou a sua participação nos bancos Sottomayor, Totta e Crédito Predial Português por 4% do capital do Grupo Santander (espanhol).

Também neste “negócio” a CGD assumiu um papel de intermediação que culminaria com o desmembramento do ramo financeiro de Champalimaud (o Santander “adquiriu” o Totta e o Crédito Predial Português, o Sottomayor foi “transferido” para o universo do Grupo BCP e a Mundial Confiança permaneceu no Grupo CGD), situação que espero não se venha agora a repetir…

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