Terminada a ronda pelos candidatos presidenciais muito há ainda a dizer sobre o acto eleitoral que se avizinha.
Nas últimas semanas muito se tem dito e escrito nos meios de comunicação nacional sobre este tema, endeusando ou vilanisando candidatos, apresentando vantagens e inconvenientes sobre cada um deles, ou mais prosaicamente descrevendo as respectivas actuações diárias.
Comentadores e analistas de todos os quadrantes têm procurado explicar com a sua argumentação as vantagens de um ou outro candidato, sendo de destacar que ainda antes da apresentação das sondagens mais recentes que começam a revelar uma tendência para a queda do “candidato eleito por antecipação” - aproximando cada vez um cenário de segunda volta - alguns já vão começando a lançar evidentes apelos à mobilização do eleitorado para contrariarem não só esta tendência mas também uma previsível abstenção face à propaganda de uma mais que certa vitória.
É exemplo disto o artigo de opinião que Vasco Graça Moura assinou no DIÁRIO DE NOTÍCIAS de ontem, onde, apesar dos seus esforços literários para o disfarçar, ressalta à evidência o dilacerado apelo, o dramatismo e a premência da necessidade da mobilização quando conclui dizendo que «...a 22 de Janeiro joga-se a única e também a última oportunidade de que eles [a maioria dos eleitores] podem lançar mão para ajudarem à solução da crise nacional e à construção sustentada do futuro. O futuro começa a 22!»
O próprio Cavaco Silva já apelou em público para que os seus apoiantes utilizem o sábado (o tal dia destinado à reflexão) para mobilizarem familiares, colegas de trabalho e vizinhos.
Embora ainda seja cedo para rir desta súbita inversão da vaga de vitória para o desespero de tentar mobilizar toda a gente, não deixa de ser interessante constatar a normal fragilidade dos “gigantes de pés de barro”, bem como a confirmação de que candidato e apoiantes continuam a persistir na ideia de que a resolução da crise e a construção do futuro dependem da eleição de um presidente messiânico.
Felizmente para os apoiantes mais próximos de Cavaco Silva, a campanha eleitoral está quase concluída, porque se durasse mais uns dias ainda iríamos ver o seu esfíngico candidato a «beijar criancinhas ranhosas e peixeiras malcheirosas» ou obrigado a mergulhar nalgum rio poluído para tentar conquistar mais uns "votozinhos"...
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