quinta-feira, 13 de outubro de 2005

A SOLUÇÃO PARA O IRAQUE NÃO PASSA PELO REFERENDO

A pouco mais de 24 horas do referendo da nova constituição iraquiana mantém-se o clima de insegurança e instabilidade no país.

Polícia e exército iraquianos, bem como as forças militares ocupantes, continuam a ver-se regularmente envolvidas em acções da resistência nacional. Há medida que o tempo vai passando a administração americana encontra crescentes dificuldades para manter a tese de que a oposição que estão a encontrar é conduzida pela rede terrorista da Al-Qaeda e perpetrada por estrangeiros infiltrados a partir da vizinha Síria.

Começam a tornar-se conhecidos outros grupos de resistentes, além da Al-Qaeda, que recorrendo a equipamento rudimentar flagelam regularmente as forças ocupantes, e aqueles que no interior do território lhes têm facultado apoio.

Com o agudizar da crise em torno da questão da distribuição do poder e da representatividade de cada etnia ou facção religiosa e com o crescente descontentamento da opinião pública norte americana relativamente à guerra, a administração americana espera com a votação do próximo sábado encontrar uma saída airosa para a situação.

Como uma desgraça nunca vem só, aos problemas encontrados no Iraque da era pós Saddam voltam a juntar-se os do Afeganistão onde Hamid Karzai - o “amigo americano” – continua a pretender governar o território do interior do seu “bunker”, chegando a situação ao ponto de no dia de uma recente visita de Condoleezza Rice forças “talibans” (ainda não percebi porque é que a estes os americanos não chamam terroristas) terem logrado bombardear o coração fortificado de Cabul.

Independentemente dos EUA estarem longe de uma solução para os problemas do Afeganistão e do Iraque, há dois dados novos que se revelarão na totalidade da sua importância após o referendo iraquiano:
  • estará fora de questão para George W Bush, face à posição da opinião pública americana de contestação à guerra, a aplicação de uma política de escalada do conflito, como a que terá sido equacionada durante a realização das recentes operações de limpeza junto à fronteira síria;
  • o desenrolar do próximo sábado, onde se avaliará a dimensão da reacção sunita (atenção que notícias de grande adesão das populações poderão não passar de manobras de contra-informação), e a concretização, ou não, de acções bélicas de grande envergadura (porque as de menor efeito tenderão a ser minimizadas) será um seguro indicador do futuro próximo a esperar no Iraque;
e de cuja articulação, a par com o desenrolar do “relacionamento” judaico-palestiniano, decorrerá o futuro daquela região e o de todos nós.

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