sexta-feira, 14 de outubro de 2005

REFLEXÕES ECONÓMICAS

A propósito do futuro Orçamento de Estado e do que poderá ser o futuro da nossa economia, recomendo a leitura de um artigo de opinião de Francisco Sarsfield Cabral que embora reportado à economia americana poderá constituir bom tema de reflexão para todos nós.

Mais do que o cenário, perfeitamente possível, de recessão que aponta parecem-me de reter duas outras ideias chave:
  • a necessidade de refrear gastos públicos improdutivos;
  • o papel das famílias enquanto motores da economia.
Muitos concordarão comigo que se torna indispensável proceder a sérias reduções nos gastos públicos e particularmente nos não produtivos – é aliás isso que o governo de José Sócrates parece estar a fazer. Então estamos no bom caminho!

Puro logro. A redução alcançada por intermédio de uma política de baixos salários (em última instância é a isso que se resume a fixação de aumentos salariais inferiores aos níveis de inflação e a aplicação de medidas de congelamento de carreiras) para além de não estimular a produtividade, contraria frontalmente a segunda ideia chave de Sarsfield Cabral: a importância das famílias enquanto motores da economia.

Então se atribuímos relevância ao papel das famílias (e é inegável a sua importância quer enquanto consumidores quer enquanto aforradores) como entender opções como as que têm sido tomadas pelos últimos governos?

Como aceitar que o crescimento resultará do simples aumento das exportações?

Que economia será viável a médio prazo se o seu tecido produtivo se orientar para o consumo das famílias estrangeiras e esquecer o das famílias nacionais?

E já agora, porque é que Sarsfield Cabral, um dos reputados economistas nacionais, não extraiu as últimas conclusões do seu artigo? Por desconhecimento não foi de certeza…

Sem comentários: