quinta-feira, 6 de outubro de 2005

MAIS PROBLEMAS PARA A COMISSÃO DE DURÃO BARROSO

Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, volta a ser o centro das atenções. Após o conturbado processo para a nomeação da sua equipa de comissários, volta a ser abertamente criticado, agora por Jacques Chirac, que afirmou que os europeus têm o sentimento de que a Comissão "não defende com suficiente determinação e energia" os seus interesses, em particular os " económicos".

Sucedeu isto a propósito da notícia que a multinacional Hewlett-Packard iria apresentar um plano de reestruturação prevendo a supressão de seis mil empregos directos na Europa (sendo mais de mil deles em França).

Apesar da crítica prontamente refutada por Durão Barroso, outras vozes responsáveis em Bruxelas se vão fazendo ouvir no sentido de que UE deveria dar maior atenção às questões de natureza económica; contando-se entre elas o presidente e o vice-presidente do PE Josep Borrell e Alejo Vidal-Quadras, respectivamente, e eurodeputados como o socialista Richard Corbett e o liberal Graham Watson.

Para quem como nós conhece a actuação de Durão Barroso enquanto primeiro-ministro, a crítica não parece exagerada e ainda menos infundada, pelo que o interessante da notícia se centra no leque de críticos (membros responsáveis de agrupamentos políticos como o PPE, os Liberais e os Socialistas) e , talvez, na aparente surpresa (quando o escolheram não sabiam qual o seu “perfil”?).

Mas como um mal nunca vem só, a par com esta outra questão está a ganhar foros de notoriedade na UE. Volta-se a falar da questão da adesão da Turquia a propósito da recente notícia que dá conta do”particular” interesse dos EUA neste processo.
Não foi seguramente por acaso que esta questão volta a ser debatida, e com a insistência que tem registado, durante a presidência britânica.

Continuo a crer que adesão da Turquia possa ser uma questão determinante para os sectores mais progressistas e desenvolvimentistas da sociedade turca e que, a concretizar-se, poderia ser um processo muito positivo no combate ao chamado extremismo islâmico. Contudo a confirmarem-se estas “pressões” (que os intervenientes justificam pelo interesse estratégico da Turquia e pela sua integração na NATO) estaremos perante uma forte hipótese de admissão de mais um membro pró-EUA, numa fase em que o que a UE mais necessita é de estabilidade interna e de revelar capacidade para assegurar a plena integração política, económica e social dos actuais membros.

Perante este cenário, quando a Comissão Europeia é presidida por um neo-liberal e atlantista serão de esperar poucos reais progressos e ainda menos menor capacidade (talvez fosse mais correcto falar em vontade) para enfrentar os problemas resultantes da estagnação da economia europeia, da desagregação do tecido social, da crescente fragilidade da classe política, agravados por um novo processo de alargamento.

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