domingo, 16 de outubro de 2005

NA AUSÊNCIA DE OUTRAS NOTÍCIAS DO IRAQUE

Enquanto se aguarda o resultado do referendo ontem realizado no Iraque, expectativas e comentários vão chegando sobre a situação.

De notar o reduzido número de incidentes (a fazer fé na imprensa ocidental), a percentagem de participantes (pouco mais de 60% dos inscritos), com particular relevo para a participação dos sunitas, e a confiança num bom resultado demonstrada por Condoleezza Rice (secretária de estado americano para quem um bom resultado será a aprovação da proposta de constituição).

Apesar do clima de relativa acalmia a AlJazeera relata numa das suas
páginas a morte de 5 soldados americanos, próximo de Ramadi, localidade onde se registaram fortes combates, de 2 soldados iraquianos em Falluja e de 10 revoltosos em Karabila. Já hoje notícia noutra página um ataque com morteiros à chamada Zona Verde (onde se localizam as principais instalações da administração iraquiana) de Bagdad.

É neste clima de “normalidade” que se formulam expectativas quanto à possibilidade de em 3 das 18 províncias iraquiana ocorrer uma rejeição por mais de 2/3 dos votos, situação que ditaria a automática rejeição da constituição. As notícias sobre a participação dos sunitas ainda não são claras podendo o NÃO vencer nas províncias de al-Anbar, Salah al-Din, Ninevah ou Diyala, aquelas onde se regista uma maioria sunita.

Entretanto, na passada sexta-feira um observador da ONU para os direitos humanos anunciou que as forças de ocupação (americanos e ingleses) estão a utilizar a distribuição de água e alimentos como arma contra as populações civis.

Jean Ziegler, antigo professor de sociologia de naturalidade suíça, acusou as forças de ocupação de suspenderem o fornecimento de bens essenciais para forçarem a fuga das populações durante os ataques a Falluja, Tal Afar e Samarra, no último ano.

Nas suas palavras «Está a decorrer, em completo silencio, um drama no Iraque, onde as forças coligadas de ocupação estão a fome e a privação de água como arma de guerra contra as populações civis» acto que contraria a Convenção de Genebra.

Estas notícias já foram naturalmente desmentidas por um porta-voz do exército americano, que de acordo com a insuspeita BBC sempre foi dizendo que por vezes a distribuição era atrasada durante os combates, mas que todas as precauções foram tomadas para proteger os civis apesar de não ser útil enviar alimentos para um cenário de combate...

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