Recordo a leitura, há uns dias, de um artigo que noticiava a existência de uma campanha visando revogar o Prémio Nobel da Medicina atribuído a Egas Moniz em 1949. Baseiam-se, os promotores da iniciativa, no facto de ser público o reduzido sucesso da técnica cirúrgica – lobotomização – desenvolvida por aquele médico e de muitos dos pacientes a ela submetidos terem acabado os seus dias em pior situação que a que viviam há data do tratamento, ao mesmo tempo que esquecem o seu importante trabalho no desenvolvimento da angiografia cerebral. Não sendo especialista do foro médico ou cirúrgico, não posso deixar de recordar outros casos em que galardoados com o Prémio Nobel viram mais tarde os trabalhos que o justificaram ser alvo de grande contestação ou mesmo de confirmação prática do seu fracasso.
Como claro exemplo desta realidade temos o Prémio Nobel da Economia em 1976 – Milton Friedman – cujas teorias monetaristas foram aplicadas, de forma sistemática, nessa década na América Latina e que se revelaram ineficazes para conduzir, como pretendia o seu autor, ao desenvolvimento e crescimento económico dos respectivos estados (o caso mais gritante terá sido o do Chile que alcançou um crescimento de 35% do PNB à custa de um aumento da taxa de desemprego (de 4,3% passou para 22% e de uma quebra nos salários reais de 40%).
Mal andam os que esquecem que o mundo é constituído de mudança…
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