Nunca terei estado mais de acordo com qualquer titular de alto cargo público deste país do que com o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicação, Mário Lino (ver EXPRESSO).
É indispensável que políticos (mais ou menos oposicionistas) e público em geral entendam, de uma vez por todas, que a intenção e empenho do executivo nas grandes obras estruturantes que são o Aeroporto da OTA e o TGV se encontra mais que fundamentada e alicerçada em rigorosos estudos de avaliação. Tudo o que seja dito em contrário, mais do que falsidade, constitui um bem urdido entrave ao desenvolvimento de Portugal, porque projectos da dimensão e qualidade da OTA e do TGV são indispensáveis ao desenvolvimento de qualquer moderna nação europeia, mais, será por sua acção que o país reencontrará a sua ambição e capacidade para ultrapassar as actuais dificuldades.
HAJA DECORO exclamou o nosso ministro e eu acompanho-o!
Mas… se houvesse decoro este país não teria ministros que na tentativa de argumentação confundem estudos de impacto ambiental (inegavelmente importantes para um adequado processo de decisão) com estudos económicos e financeiros de avaliação da efectiva necessidade dos projectos e da forma como, a realizá-los, será assegurada a respectiva cobertura financeira.
HAJA DECORO… Tenham os políticos deste país o pejo indispensável para terminarem com os sucessivos atestados de ignorância e estupidez àqueles que os elegeram e em vez de recorrerem aos habituais discursos para mentecaptos ou sequazes partidários a coragem de descerem dos pedestais que nunca deveriam ter alcançado e venham-nos explicar para que necessita este país (que todos os anos arde por incúria de uns e incompetência de outros, onde se continua a morrer nas estradas e existem iluminados que esperam resolver o problema mediante a publicação de um novo rol de coimas, onde o acesso a sistemas de saúde e educação dignos e eficazes continua a ser uma miragem) de uma linha de comboios de alta velocidade se nem os de velocidade normal consegue fazer circular dentro dos horários previstos.
HAJA DECORO… e explique-nos o governo as razões (salvo as de segurança) que conduzem à necessidade imperiosa de construir um novo aeroporto neste país. Será que os atentados terroristas mais recentes se vão traduzir num desvio dos fluxos turísticos tradicionais em benefício deste território onde, facto conhecido em todo o mundo e fruto de uma população estupidamente dócil, não existe a mínima hipótese de sucesso para qualquer tentativa de actos daquela natureza? Ou, explicação bem mais prosaica, com a instalação do TGV o governo antevê que o novo aeroporto possa servir todos aqueles que demandam Madrid, quiçá mesmo Barcelona? E já agora porque não, para evitar congestionamentos sempre desagradáveis, possa também ser uma alternativa viável a Orly ou Charles de Gaulle?
HAJA DECORO… e expliquem-nos, não só a real necessidade e utilidade dos projectos que anunciaram, mas também como e quem os vai pagar! Já agora, não nos deixem na angustiante certeza que estes (há semelhança de outros antes destes, como o Centro Cultural de Belém, a EXPO98, a Ponte Vasco da Gama e o EURO2004), mais não vão ser que “obras de regime” e lembrem-se que este povo já se libertou de anteriores fazedores de outras obras de regime…
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