O combate à pobreza e ao subdesenvolvimento deveria ser uma tarefa primordial de todos os estados. Existem, porém, grandes divergências na forma e conteúdo desta tarefa.
Por se tratar de autor particularmente insuspeito (é director do Earth Institute da Universidade de Columbia, assessor de Kofi Annan, Secretário-geral da ONU, para o programa Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e autor do recente «The End of Poverty»), recomendo a leitura do artigo de Jeffrey Sachs, disponível no EXPRESSO Online; este confirma, o que muita gente vem denunciando há muito tempo – A AJUDA DOS PAÍSES MAIS RICOS É MANIFESTAMENTE DESPROPORCIONADA ÀS CAPACIDADES DOS DOADORES E NORMALMENTE MAL ORIENTADA.
Na imprensa surgem regularmente notícias sobre muitos outros “desvios” que os fluxos de auxílio sofrem; não é de estranhar que entre as administrações dos países do terceiro mundo pulule toda a casta de oportunistas, não são os países mais desenvolvidos que continuam a insistir nas vantagens dos princípios da globalização? Que massacram as populações com as suas campanhas de “marketing”?
Pouco, ou nada mudará realmente enquanto as culturas ocidentais continuarem a “exportar” os seus valores como se de verdades dogmáticas se tratassem, enquanto se persistir no princípio de que os povos das áfricas não apresentam capacidade para escolher e desenvolver o seu próprio modelo de crescimento, enquanto os potenciais difusores nacionais de formação e informação continuarem a ser formados nas escolas dos países que não respeitam os seus valores.
O Terceiro Mundo necessita urgentemente de uma mudança radical nas atitudes dos EUA, potência que cada vez mais assume a arrogância e a estultícia de uma política externa dualista (confronto entre os bons e os maus e defesa intransigente dos seus mais primários interesses), enquanto revela crescentes dificuldades em inverter o processo de desagregação da sua própria sociedade, que dificilmente poderá contribuir para a introdução de melhorias (não sou ingénuo ao ponto de pensar que possam ser introduzidas importantes alterações) no actual sistema de comércio mundial.
A par com esta, importa também que outros estados (CE, Rússia, Japão, China) iniciem processos multilaterais de negociação de regras comerciais que invertam o padrão em vigor, segundo o qual ao Terceiro Mundo compete o fornecimento de matérias-primas baratas e a aquisição de tecnologia destinada ao seu “desenvolvimento”.
O artigo de Jeffrey Sachs, deixando muitas destas questões por responder, tem a virtualidade de apontar alguns dos caminhos para a minimização do problema do subdesenvolvimento, haja quem, sinceramente, o queira percorrer…
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