sábado, 6 de agosto de 2005

HIROSHIMA – A REFLEXÃO

A NÃO ESQUECER

Decorridos 60 anos desde a data do bombardeamento atómico sobre Hiroshima, continuamos a assistir a cíclicas, e compreensivas, manifestações de sentimento e preocupação pelo acontecimento.
Do acto (e da sua repetição decorridos 3 dias sobre Nagasaki) resultaram mais de meio milhão de mortos, alguns deles, em consequência da exposição a elevados níveis de radiação, dezenas de anos depois.
Sobre estes actos muito tem sido dito e escrito, quase sempre para recordar a catástrofe e justificar a sua inevitabilidade para apressar o final da II Guerra Mundial. Factos relevantes têm sido sistemática e ostensivamente esquecidos, como:
  • a previsão, formulada pela força aérea norte americana, de completa destruição de todos os alvos industriais, em resultado de massivos bombardeamentos aéreos, até Setembro ou Outubro de 1945;
  • a evidência dos serviços secretos americanos terem conhecimento da iminência da capitulação do Japão (havia várias semanas que aqueles serviços vinham descodificando mensagens inequívocas nesse sentido, bem como da tentativa japonesa de mediação junto da URSS);
  • as duas cidades escolhidas para alvos nucleares constituírem importantes centros industriais (mais Nagasaki que Hiroshima que juntava a este o facto de ser um importante alvo militar);

os quais levam a crer que o uso de armas nucleares aconteceu por razões bem diversas da piedosa intenção de poupar vidas humanas (não sei mesmo se as estimativas de baixas em resultado de um desembarque directo não terão sido empoladas).

Confirmando-se, como tudo parece indiciar, que o uso de armamento nuclear serviu apenas o duplo objectivo de garantir que os EUA seriam a única nação directamente envolvida no conflito a lograr concluí-lo com o aparelho produtivo intacto (que enormes vantagens não tiraram os americanos disto no período do pós-guerra quando se converteram nos fornecedores mundiais de bens e serviços) e mostrar aos soviéticos a superioridade nuclear americana (com resultados duvidosos porque os russos apenas precisaram de quatro anos para também aceder ao clube nuclear), esta será uma óptima oportunidade para reflectirmos sobre tempos que talvez nos esperem...

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