quinta-feira, 11 de agosto de 2005

AINDA O ISLÃO…

Nem de propósito! Depois do artigo do Prof. Adriano Moreira, ao qual me referi ontem, eis que hoje, Luís Delgado, num artigo publicado no mesmo jornal vem glosar quase o mesmo tema.

Não directamente, mas a propósito do fracasso da oferta de colaboração europeia com vista ao desenvolvimento do programa nuclear civil do Irão, como forma de procurar obviar à criação de mais um arsenal nuclear.

Sabendo-se que qualquer tentativa no sentido de introduzir desequilíbrios numa região do globo que as administrações americanas recentes consideram cada vez mais como seu feudo privado (a questão da segurança interna é pura demagogia e destina-se ao seu próprio consumo interno), facilmente o articulista antevê qual vai ser a próxima reacção dos EUA.

Às invasões do Afeganistão (a pretexto da necessidade de captura do responsável pelo atentado contra o World Trade Center, mas na realidade extremamente útil para instalar uma forma de governo mais “permissível” à implantação de um gasoduto indispensável ao escoamento dos hidrocarbonetos oriundos das ex-repúblicas soviéticas fronteiriças) e do Iraque (indispensável à estabilidade pró americana da zona e ao controle de importantes reservas petrolíferas) deverá seguir-se a do Irão, bem como a de todos os estados árabes que façam ouvir a sua voz de forma suficientemente incomodativa.

Aliás, é só nesta lógica de “limpeza” sistemática que se poderá entender a recente política israelita de desmantelamento dos colonatos da faixa de Gaza – talvez o estado de Israel esteja a fazer pequenas concessões ao amigo americano – na tentativa de minimizar aquele que poucas vezes é referido nos meios de comunicação ocidental como importante foco de tensões e de um dos maiores argumentos dos extremistas islâmicos – o problema israelo-palestiniano.

Concordando com Luís Delgado quando classifica a iniciativa da CE de frouxa (uma vez que os iranianos a ultrapassaram facilmente), tenho sérias reservas sobre a sua opinião relativamente à utilidade, nesta e noutras matérias, da Carta Constitucional europeia. Importante sim será a CE resolver as contradições que o Reino Unido persistente introduz (pelo menos enquanto insistir em operar como “cavalo de tróia” dos interesses norte americano) e, de uma vez por todas, criar os meios para levar a pressão diplomática europeia ao grau seguinte, o que só logrará após a criação de um efectivo exército europeu (não no sentido imperialista mas no da disponibilidade de um real mecanismo de pressão).

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