sábado, 1 de abril de 2006

TUDO BEM QUANDO ACABA BEM?

O DIÁRIO DE NOTÍCIAS informou hoje que finalmente o ministério da cultura chegou a um acordo com Joe Berardo para manter a sua colecção de arte em Portugal. A atestá-lo aqui fica a imagem de felicidade e contentamento da ministra e do milionário.

Nos termos daquele acordo deverá ser criada uma fundação para gerir a colecção a integrar num futuro museu de arte contemporânea, em Lisboa; para já deverão ser utilizadas as instalações do Centro Cultural de Belém, local onde há já alguns anos se encontra, podendo ou não vir a ser construído um edifício específico.

Numa primeira fase, como se adiantou, o museu instalar-se-á no CCB - a instituição que tem mantido, conservado e exibido a colecção - podendo ou não ser posteriormente transferido para um edifício a construir de raiz.

Para além desta informação genérica, só com a assinatura no início da próxima semana próxima serão conhecidos os contornos financeiros desta operação, uma vez que o milionário nunca manifestou intenções de doar a sua colecção, cujo valor estima em 170 milhões de euros
Embora haja quem afirme que aquele valor não deverá ultrapassar ao 100 milhões, resta saber quem irá suportar aquele custo.

A avaliar por outras situações, acabaremos por ser todos nós a suportá-lo (aliás já o com o edifício que agora a alberga aconteceu o mesmo) pelo que não será de estranhar o ar de felicidade e contentamento que os dois dos intervenientes no negócio exibem (Joe Berardo porque directa ou indirectamente irá embolsar mais uns largos milhões de euros e a ministra da cultura porque concretizou um grande negócio com o dinheiro dos outros) e a total ausência da “outra parte”.

Resta explicar mais dois pormenores; (1) nada tenho a opor à “aquisição” da Colecção Berardo pelo MC, mas gostava de ser previamente informado dos termos financeiros do acordo; (2) se vou ser parte activa no “negócio” julgo-me com o direito de nele ter uma palavra igualmente activa.

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