sexta-feira, 7 de abril de 2006

FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM PORTUGAL

Várias foram as notícias que hoje ouvi e li sobre os efeitos dos cursos de formação profissional, realizados sobre a supervisão do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) na colocação dos respectivos formandos.

Contrariamente ao que seria de supor apenas 25% destes conseguem obter um emprego após a conclusão das acções de formação e muitos deles (cerca de 44%) garantem que a formação realizada nada contribuiu para essa situação.

Como se não bastasse este resultado para confirmar a inutilidade das iniciativas do IEFP (quiçá a sua própria existência) enquanto agente promotor de novas ou melhores competências àqueles que procuram lugar no mercado de trabalho, ainda somos confrontados com a tristíssima realidade de os resultados de 2005 representarem uma degradação da situação relativamente a 2004, ano em que quase 30% dos formandos do IEFP obtinham colocação após a conclusão dos respectivos cursos.

A frieza dos números conduz à conclusão de que pelos menos 75% dos gastos com a formação profissional, assegurada pelo IEFP, são desperdiçados, isto quando quase diariamente os responsáveis pela condução do país continuam a afirmar a necessidade de melhorar as competências dos trabalhadores nacionais para assegurar uma maior competitividade da economia nacional no tal mercado global de que agora toda a gente fala.

Para além deste evidente desperdício de recursos, as notícias ainda referem o significativo aumento na frequência dos cursos do IEFP por licenciados (36% em 2005 contra 18% em 2004), fenómeno ainda mais incompreensível se pensarmos que tipo de competência é que a formação disponibilizada pelo IEFP pode proporcionar a este tipo de formandos.

O que este tipo de notícias evidencia é que a formação, via IEFP ou outras entidades, continua a constituir um duplo subterfúgio, por um lado contribui para a redução do número de desempregados e por outro constitui para estes (e em especial para os jovens em busca do primeiro emprego) uma fonte de rendimento. Esta realidade que não pode deixar de ser do conhecimento dos responsáveis do IEFP (logo do ministro do trabalho e da previdência social e de todo o governo) não só distorce os resultados estatísticos do desemprego, escamoteando os valores reais, como enviesa os da eficácia das acções de formação.

De uma forma ou outra não me parece abusivo concluir-se que o país continua a desperdiçar recursos escassos em estratégias de reduzida ou nula eficácia para o combate ao desemprego e aos baixos níveis de formação de parte significativa da força de trabalho nacional e perguntar-se até quando continuarão os nossos governos a insistir numa prática que visivelmente não produz os resultados desejados?

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