terça-feira, 4 de novembro de 2008

SE VOTASSE NOS EUA

Talvez a maior parte das pessoas ignore por completo que a eleição presidencial que hoje decorre nos EUA não se resume a uma escolha entre o Republicano John McCain e o Democrata Barack Obama, mas essa é a ideia e a informação que a generalidade dos meios de comunicação americanos e estrangeiros difundem.

Na realidade existem mais dois candidatos, Ralph Nader (independente) e Cynthia McKinney (Verdes), que intencionalmente têm sido totalmente excluídos do debate e até do conhecimento do público. Será por, fazendo fé no sistema eleitoral implantado, não apresentarem a mínima hipótese de eleição ou por defenderem princípios diferentes dos candidatos do bipartidarismo?

Quer um quer outro dos candidatos ignorados apresentam um percurso político com alguns anos e regular intervenção na vida política, económica e social do seu país , mas o que efectivamente conta é aquilo que os separa dos dois candidatos oficiais. Com maior contacto com o “establishment” de Washington, no caso de McKinney, e um maior envolvimento em causas de natureza política (Mckinney foi uma das subscritoras do Movimento pela Verdade sobre o 11 de Setembro ), em oposição à maior experiência em matérias de direitos cívicos e no combate contra os interesses económicos instalados, no caso de Nader, ambos deveriam constituir alternativas válidas e bem presentes aos candidatos oficiais.

Por isso, e porque independentemente do muito de maravilhoso que tem sido escrito e dito sobre Obama, não tenho a menor dúvida que se votasse nos EUA, hoje teria votado em McKinney ou em Nader, porque cada vez estou mais convicto que o que separa um Obama que defende: 1) o aumento da presença militar americana no Médio-Oriente, incluindo um possível ataque ao Irão; 2) a continuação da guerra contra o terrorismo e até a sua extensão pelo Paquistão; 3) o apoio à política colonialista de Israel relativamente aos palestinianos; 4) o apoio ao Plano Paulson e ao branqueamento das responsabilidades da alta finança na crise que atravessamos; 5) a manutenção de um sistema de saúde sob o controlo das seguradoras; 6) a manutenção de uma política semicolonialista relativamente à América Latina; e não apresenta qualquer intenção de inverter o modelo económico que conduziu a maior nação do planeta a um estado de quase inanição produtiva, de um McCain que promete deixar tudo como o receberá de George W Bush é apenas, e tão só, um facto que tenho por absolutamente irrelevante: a cor da pele.

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