domingo, 28 de janeiro de 2007

AS “DORES DE PARTO” EM WASHINGTON

Enquanto o clima de generalizada insegurança continua a alastrar, com especial incidência para o Médio Oriente, zona onde além do Iraque (e do quase vizinho Afeganistão) agora já se registam confrontos civis no Líbano e na Palestina, surgiu ontem a notícia (pouco ou mal divulgada) de uma manifestação em Washington contra a política belicista da Casa Branca.

Dezenas de milhares de americanos (segundo informa a insuspeita CNN) marcharam pelas ruas em direcção ao Capitólio exigindo o regresso das tropas americanas e o fim da ocupação do Iraque.

Além das sempre mediáticas figuras de Hollywood, o mais impressionante terá sido o número de manifestantes que terá recordado a muitos os tempos de outra guerra de má memória: a do Vietname.

Mesmo sabendo que não será com manifestações deste tipo (por maiores e mais mediáticas que possam ser) que os actuais condutores da politica externa norte americana abandonarão as suas convicções de «mudar o Mundo» e «instalar a Democracia» no Médio Oriente, talvez seja importante reconhecê-las como um primeiro passo dado pelos milhares de americanos que começam a exigir dos seus governantes (Casa Branca e Congresso) o reconhecimento do princípio basilar da Liberdade – A LIBERDADE INDIVIDUAL ACABA ONDE COMEÇA A DOS OUTROS.

Embora não tenha sido apenas este o princípio que os neoconservadores americanos esqueceram, talvez a crescente pressão da opinião pública americana possa começar a abrir algumas brechas no muro de intolerância e autismo que tem presidido às decisões da actual administração da Casa Branca.

Imagens como esta, onde cidadãos americanos questionam de forma cada vez mais aberta a política de mentiras da sua administração (não esquecer que a principal razão invocada por George W Bush para a invasão do Iraque foram as afirmações nunca comprovadas do apoio de Saddam à Al-Qaeda e o facto daquele possuir armas de destruição em massa) e a ineficácia revelada na crise gerada pelo furacão Katrina, podem muito bem ser um primeiro sinal de marcação das suas liberdades individuais.

Infelizmente, por mais interessante que seja de acompanhar a evolução desta asserção, o facto real é que o número de mortos civis nos países ocupados pelas tropas americanas (e pelos aliados da NATO) continua a crescer e que a insegurança criada já se espalhou a países como o Líbano e aos territórios palestinianos, o qual após a invasão israelita do verão passado vive agora uma situação de quase guerra civil. Em ambos os casos está por demais evidente a influência da política americana e dos seus aliados israelitas bem como o desejo de permanente atrito entre os estados da zona, claramente manifestado nas declarações proferidas pela secretária de estado norte-americano, Condoleezza Rice, quando se referiu à devastação provocada pela invasão israelita do Líbano como as «dores de parto de uma nova ordem local».

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