domingo, 20 de junho de 2010

MONOLOTISMO INFORMATIVO

É talvez estranho que sobre uma questão tão grave como a actual crise económica global, algo tão simples quanto a leitura de jornais nacionais e estrangeiros possa transmitir ideias tão díspares.

Contrariamente ao que sucede no panorama nacional, onde apenas têm eco as opiniões dos que defendem soluções de claro pendor neoliberal e monetarista (para os quais a raiz de todos os males continuam a ser os gastos públicos), por esse mundo fora sempre se vão ouvindo opiniões diferentes e divergentes, as quais, pasme-se nem sempre surgem das áreas ideologicamente mais afastadas.

Entre os muitos pouco ou nenhum acolhimento têm recebido na imprensa nacional , mas que não se têm poupado a esforços para analisar e comentar o actual momento em que vivemos conta-se Joseph Stiglitz que em entrevistas e artigos de opinião tem deixado bem claro que entende que as medidas de austeridade que têm vindo a ser anunciadas pelos diferentes governos europeus irão originar um agravamento na actual conjuntura recessiva; a pretexto de quererem contentar os “mercados” os governos estão a por em risco a débil tendência de crescimento de que as economias estavam a dar os primeiros sinais.


Mesmo que se discorde das conclusões ou das medidas propostas para a correcção da situação, nem por as análises das condições que nos levaram ao ponto onde nos encontramos merecem ser tidas em conta e divulgadas.


Infelizmente ao monolitismo que grassa na comunicação social nacional nem sequer escapam intelectuais como Stiglitz, ou mesmo Krugman, que manifestam opiniões divergentes do “mainstream” e dos interesses instalados, talvez porque pior que as soluções discordantes que apresentam seja o facto de fornecerem análises muito duras do que nos conduziu ao estado em que nos encontramos – uma ganância descontrolada e um mecanismo distorcido de distribuição da riqueza.


Mesmo discordando da ideia de que a situação económica poderá ser invertida dentro do quadro de desenvolvimento do actual capitalismo financeiro (nem Stiglitz nem Krugman parecem aperceber-se que estamos a lidar com uma crise bem mais profunda que a que ficou conhecida como a Grande Depressão e, talvez por isso, não pugnam por mais que um acréscimo na regulação das actividades financeiras), as explicações e as propostas de soluções que adiantam deveriam ser largamente difundidas, debatidas e incluídas no leque das opções .

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