sábado, 5 de junho de 2010

TENHAM MEDO... MUITO MEDO...

Talvez tudo não passe de uma manifesta coincidência, mas o facto é que depois da reunião de 2009 do Clube Bilderberg[1] ter ocorrido na Grécia, em poucos meses o país encontrava-se mergulhado numa das maiores crises (económica e social) que conheceu, e já circulam notícias sobre a reunião deste ano, que decorre em Espanha, entre os dias 3 e 6 deste mês, na localidade catalã de Sitges.

A avaliar pela informação veiculada pelo sítio LIBERTAD DIGITAL o ponto fulcral dos “trabalhos” será o debate sobre o futuro do euro e as “alternativas” ao dólar[2] , tema que além de particularmente actual é, por se tratar da antiga questão da criação de uma moeda global, um tema recorrente (a par com o criação de um governo global) entre os membros daquele grupo.
A recomendação de cautela para os nossos vizinhos espanhóis é mais que obviamente extensível a Portugal e, naturalmente ao conjunto da Zona Euro.


Desde a reunião do ano passado que os mais acérrimos partidários da globalização não têm deixado de manobrar nesse sentido e os seus convidados do mundo da política não têm perdido a oportunidade para irem instilando nas mentes dos seus ouvintes as “necessidades” do núcleo duro do Clube Bilderberg. Caso pareça exagerada esta ideia, veja-se a lista de “ convidados” para a edição em curso (pode ser encontrada nesta notícia da NUEVA TRIBUNA) que embora mencione a participação da ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, e não as de Paulo Rangel e Teixeira dos Santos (como noticiou aqui o I), nem por isso deixa de transmitir a importante imagem da “mistura” entre a alta finança, os patrões dos meios de informação e políticos criteriosamente escolhidos pelas suas qualidades de governantes ou de sérios candidatos à função.


Escusado será também lembrar que a crise que os notáveis irão debater é precisamente a que eles mesmos criaram e controlam, seja mediante claras manipulações dos famigerados “mercados”, seja mediante o controlo que exercem sobre os aparentes centros de decisão política (governos) e financeira (bancos centrais).


Embora as opiniões de muitos analistas se dividam quanto à melhor forma de combater a crise criada em torno do euro – aos que defendem a via monetarista pura e dura do cortes orçamentais e da redução do papel dos estados nas economias, opõem-se os que entendem que o fundamental no momento não é a redução a qualquer preço dos défices públicos[3] - tudo aponta para que a solução escolhida pelos políticos que nos governam (e que nos últimos anos têm marcado presença nos conclaves do Bilderberg) será a mais ruinosa mas a que melhor se adequa aos interesses daquele grupo.


É expectável que, tal como ocorreu há um ano na reunião que teve lugar em Vouliagmeni (Grécia), os notáveis de Bilderberg voltem a não alcançar o consenso na melhor estratégia a seguir; como que a provar isso mesmo note-se que na reunião do G20 (a nível de ministros das finanças) que decorreu ontem na Coreia do Sul, Dominique Strauss-Kahn, director-geral do FMI e um dos habituais frequentadores do Clube Bilderberg, apresentou a proposta que continua a dividir opiniões – a da aplicação de taxas especiais sobre o sector financeiro, como via contributiva para o financiamento da crise – e que, na ausência de consenso, voltou outra vez a ser adiada para nova oportunidade.
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[1] Para mais informações sobre as origens, o historial, o “modus operandi” e os participantes habituais nas reuniões BILDERBERG, ver o «post»: «NÃO DIGAM A NINGUÉM...».
[2] A notícia pode ser lida aqui na íntegra e em castelhano.
[3] A propósito desta questão ver a entrevista a Paul de Grauwe no PUBLICO.

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