O EUROSTAT divulgou esta semana os últimos dados sobre o PIB dos países membros, que se podem ver no quadro seguinte onde estão acompanhados dos valores para outros países europeus (candidatos ou não à adesão) e ainda os EUA e o Japão.
Os dados apresentados estão calculados em termos de paridades de poder de compra[1], facto que melhora a qualidade dos indicadores na comparação entre economias.
Como o próprio organismo estatístico europeu destaca, o Luxemburgo conserva a invejável posição de apresentar um PIBppc que mais que duplica a média da União Europeia, ainda que este valor deva ser observado com alguma cautela por via da existência de um grande volume de trabalhadores transfronteiriços que inflacionam o valor final. Ainda assim, a Irlanda destaca-se com um valor superior em cerca de 40% à média, enquanto a Holanda, Áustria, Dinamarca, Bélgica, Reino Unido e Suécia se situam 15 a 25% acima dos 100 pontos.
No gráfico seguinte encontram-se os países que mais se aproximam dos valores registados por Portugal.
Deste destacam-se Espanha e Itália, com valores próximos da média, Chipre, Grécia, e Eslovénia, com valores inferiores entre os 10 e os 20%. Portugal, juntamente com Malta e a República Checa situa-se cerca de 30% abaixo, com a agravante de o PIBppc checo se apresentar com tendência de crescimento enquanto o nosso se comporta em sentido contrário. Pior que nós só o grupo composto pela Eslovénia, a Estónia e a Hungria (40% abaixo da média) e pela Letónia, a Lituânia e a Polónia (50% abaixo da média), sendo que todos estes apresentam tendência de crescimento.
Mesmo para quem ache que estes números não traduzam a realidade nacional é um facto que em boa medida chocam, principalmente se recordarmos que não há muito tempo apresentávamos um PIB idêntico ao espanhol e superior ao grego. Os nossos políticos e principalmente o governo de José Sócrates bem podem apelar a uma “estrelinha da sorte” que os ajude a inverter esta tendência, tanto mais que as medidas de fundo para o relançamento da economia tardam em aparecer enquanto as prometidas medidas saneadoras dos entraves ao crescimento (redução da burocracia, eficaz combate à corrupção e à fuga ao fisco, aumento da eficácia da Justiça, etc., etc…) continuam “encalhadas” e o governo (e a generalidade dos teóricos do liberalismo) persistem na política de contenção do investimento público.
Por este andar (e porque não acredito em milagres) no próximo ano estaremos ainda mais próximos de integrarmos um dos grupos com maiores desvios.
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[1] Paridade de Poder de Compra (PPC) é uma unidade monetária artificial que traduz as diferenças entre os preços nacionais, factor que não é tido em conta na aplicação das taxas de câmbio.
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