segunda-feira, 2 de outubro de 2006

GANDHI

Passando hoje mais um aniversário do seu nascimento (o 137º), nada mais oportuno que lembrar aqui uma das maiores figuras mundiais e das que seguramente marcaram o seu tempo e as gerações que lhe sucederam.

Refiro-me a Mohandas Karamchand Gandhi, que viria a ficar conhecido como Mahatma (Grande Alma) Gandhi e indissociavelmente associado ao princípio da não-violência e à independência da Índia. Além de grande divulgador e praticante convicto de formas não violentas de protesto foi igualmente marcante o seu papel de inspirador de outros activistas anti-racistas e defensores dos direitos humanos como Martin Luther King e Nelson Mandela.

Ligado desde muito cedo aos movimentos dos direitos dos oprimidos, iniciou o seu processo de activista na África do Sul lutando contra o sistema de “apartheid”, após a I Guerra Mundial viria a engrossar a longa lista dos opositores à colonização inglesa da Índia. Diversas vezes preso, nunca abdicou da defesa dos seus princípios de não-violência e muito contribuiu para a formação e crescimento de um sentimento independentista entre os seus compatriotas.

Lançou diversas formas de luta de oposição do governo imperial de Sua Majestade Britânica e aos seus representantes locais, organizando movimentos de contestação baseados em princípios não violentos mas profundamente apontados aos interesses económicos da potência colonial.

Uma das suas primeiras iniciativas de sucesso foi o lançamento de uma campanha contra a utilização de produtos britânicos que soube conduzir de forma a integrar no movimento de protesto as próprias mulheres (até então pouco tidas como influentes em qualquer processo de natureza política) quando conseguiu generalizar a ideia de que todos os indianos deveriam usar o “khadi” (pano simples de linho fiado manualmente) em vez de comprarem os produtos têxteis britânicos. Inúmeras são as fotografias e registos cinematográficos em que Gandhi fez questão de aparecer usando a roca, o fuso e o tear manual para produzir as únicas roupas que passou a usar.

Outra das suas célebres iniciativas foi a Marcha do Sal, quando entre Março e Abril de 1930 Gandhi iniciou uma marcha em direcção ao mar a fim de proceder à recolha do seu próprio sal, como forma de protesto contra um imposto lançado pelos ingleses sobre aquele produto. Arrastando consigo milhares de indianos transformou esse movimento em mais um importante acto de contestação e de não-cooperação com a potência ocupante e aumentou a visibilidade internacional da luta pela independência da Índia.

Esta viria a ser alcançada em 1947, não sem antes se terem repetido os movimentos de contestação e uma importante campanha organizada durante a II Guerra Mundial que originaria milhares de prisões (entre elas mais outra do próprio Gandhi).

Contrariamente ao que seria de supor, a luta de Gandhi não terminou com a conquista da independência, apenas conheceu um novo rumo. Garantida a partida dos ingleses a sua causa principal passou a ser a da união entre hindus e muçulmanos algo que nunca veria concretizado e que acabou por estar na origem do seu assassinato por um extremista hindu.

Gandhi liderou o seu povo à independência face à Inglaterra mediante o recurso a formas não violentas de contestação, principalmente negando aos ingleses todas as formas possíveis de cooperação entre colonialistas e colonizados e logrou isto sempre dentro do respeito da figura humana e dos princípios da não-violência.

Se por mais não fosse, o seu determinante contributo para a demonstração da eficácia de acções não-violentas como forma de manifestação de protesto e conquista de direitos seria razão suficiente para que o seu nome e os seus ensinamentos passem a constituir pedra fundamental na evolução da humanidade e farol guia da actuação da mesma.

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