sexta-feira, 30 de junho de 2006

MAGNÍFICOS EXEMPLOS

Os autarcas nacionais estiveram em grande destaque durante esta semana, infelizmente pelas piores razões.

Após a incrível “boutade” de Fernando Ruas, que à função de presidente da Câmara de Viseu acrescenta a de presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, tem aquele agora o topete de vir dizer que não disse o que toda a gente o ouviu dizer (que os inspectores do ministério do ambiente deviam ser corridos “à pedrada”) e que toda a polémica se resume a uma manobra política, eis que hoje o PUBLICO avança com duas notícias (esta e mais esta) profundamente reveladoras da postura de alguns autarcas nacionais.

No Porto, Rui Rio avançou com a imposição de «...regras na atribuição de subsídios, condicionando a sua atribuição à assinatura de um protocolo no qual as instituições ficam impedidas de criticar o município.». Esperto como ninguém antes dele e sustentado na maioria de que dispõe na autarquia, Rui Rio apresta-se a “matar dois coelhos de uma cajadada” – silencia potenciais críticas e/ou poupa caso hajam instituições que não se verguem aos seus ditames. A jornalista, autora da peça, citando o constitucionalista Gomes Canotilho, chama-lhe, e bem, a imposição da lei da rolha.

Na vizinha cidade de Gaia, é Luís Filipe Menezes que “obriga”, mediante protocolo assinado, os órgãos de comunicação local a divulgarem «...adequadamente os actos públicos bem como toda a actividade da câmara e empresas municipais». Tal como o seu amigo Rio, Menezes contou com a posição maioritária do PSD/CDS-PP, para assegurar a aprovação das novas regras de distribuição da publicidade institucional do município, que atinge os 150 mil euros por ano.

Aos inquestionáveis conceitos de “liberdade de expressão” que estes senhores têm (e que os seus actos e declarações apenas tornam mais claros e evidentes) e à desfaçatez com que usam e abusam de prepotências e autoritarismos (do tipo “quero, posso e mando”) há ainda que acrescentar a solidariedade hoje expressa pela inefável figura política que é Alberto João Jardim.

O homem a quem já não basta “mandar” a seu bel-prazer no território da Madeira ainda vem apodar as críticas tecidas ao seu correligionário Fernando Ruas de «…campanhas da propaganda do regime, incluso com exigências de desculpas, por parte daqueles que são os que efectivamente devem desculpas aos portugueses», como se ele fosse uma impoluta figura de um regime que prima pela igualdade de direitos, deveres e oportunidades como é o caso que bem se conhece na região que ele dirige e que, nem de propósito, amanhã, dia do 30º aniversário da autonomia madeirense, vai assistir às respectivas comemorações oficiais sem a presença da oposição por esta se ter visto impedida de usar a palavra.

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