Na realidade terá sido dos EUA que se difundiram muitos dos mitos actuais sobre o Pai Natal e um dos seus percursores terá sido Clement Clark Moore, clérigo protestante que foi membro da direcção do New York Institute for Special Education e que escreveu em 1822 o poema “A Visit from Saint Nicholas”, no qual estabeleceu alguns dos padrões ainda hoje associados aquela figura. Outra importante contribuição terá sido a do desenhador e caricaturista Thomas Nast[1], que no mesmo século criou o actual visual do Pai Natal para uma edição especial da revista Harper’s Weekly[2].
Mantendo viva a tradição (e homenageando o trabalho de Nast), também os actuais caricaturistas recorrem à figura do Pai Natal para retratar e criticar a sociedade em que vivemos e nem com a euforia de compras e presente, esqueceram o clima de depressão que tanto se faz sentir; assim, à falta de uma história de Natal proponho-vos uma rápida visita por uma galeria de imagens que revelam bem a forma como alguns caricaturistas ligaram a realidade com a quimera natalícia.
Desde o canadiano Cameron Cardow, que optou por nos revelar um Pai Natal que procura manter a tradição de satisfazer os desejos infantis mas atravessa tempos difíceis pelo que o seu desabafo e magreza são disso imagem bem evidente...
ou o australiano Paul Zanetti que, invertendo a norma habitual, na qual o Pai Natal recebe e pondera os pedidos dos mais pequenos, coloca o pai a formular os pedidos de Natal para espanto do simpático velhinho e desespero dos mais jovens.
Os americanos Nate Beeler e Brian Fairrington, talvez ainda mais influenciados pelo clima depressivo do seu país, não hesitaram em colocar a simpática figura do Pai Natal em confronto com as duras realidades da sua economia. Assim, Nate Beeler não perdeu o ensejo de levar o Pai Natal a confrontar-se com as restrições ao crédito…
enquanto o pragmático Brian Fairrington nos revela um prosaico Pai Natal reconvertido à realidade de “cobrador do fraque”, actividade em que é diligentemente secundado pelos não menos feéricos gnomos.
E assim andou o Mundo em 2008…
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[1] Thomas Nast, nascido na Alemanha em 1840 (faleceu em 1902) ficou famoso pelo seu trabalho como desenhador e caricaturista, sendo considerado como um dos pais da caricatura política americana. Além de criador da moderna imagem do Pai Natal, foi ainda responsável pela popularização das imagens do elefante e do burro como símbolos dos partidos Republicano e Democrático, além de um activo crítico da política norte-americana do seu tempo, nomeadamente contra a corrupta administração de New York.
[2] O Harper's Weekly (A Journal of Civilization) foi uma revista de temas políticos publicada em New York entre 1857 e 1916, que além de notícias nacionais e estrangeiras incluía ensaios, ficção e humor. O seu período áureo coincidiu com o da publicação dos “cartoons” de sátira política de Thomas Nast.
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