No dia que marca mais um aniversário de elevação de Almeirim a cidade não é de modo algum displicente tentar aqui reflectir sobre o teor de uma das notícias da última edição de O ALMEIRINENSE, sobre o interesse da autarquia numa futura utilização do edifício do IVV – Instituto do Vinho e da Vinha, que o Ministério da Agricultura pretende alienar.
Segundo declarações do Presidente da Câmara, José Sousa Gomes, «...gostaria "de ficar com uma parte da edificação com intenção de preservar a fachada virada para a rua de Coruche e poder utiliza-la em iniciativas" da responsabilidade da autarquia» pelo que esta já terá realizado um estudo «...no sentido de o IVV ter alguma rentabilização de tão grandes instalações como aquelas que existem em Almeirim e Benfica do Ribatejo...»
Parecendo abandonada uma velha intenção de converter o espaço num museu evocativo da criação da primeira adega cooperativa, que ocorreu naquele mesmo local no ano de 1935, que outras utilizações lhe estarão reservadas?
Sobre essa questão pouco, nada, adiantou o autarca.
A não instalação no local do museu projectado poderá não ser, por si só, uma má notícia. Basta ver as características da maioria dos espaços museológicos nacionais para se compreender o quero dizer.
Admito como muito possível que outra utilização acabe por dignificar melhor o espaço e a cidade, porque o simples amontoar de “velharias” evocativas das práticas tradicionais associadas ao cultivo da vinha e à produção do vinho acabaria, tarde ou cedo, por votar o edifício a novo abandono.
O interesse de ver o espaço aproveitado em prol da comunidade e como mais um pólo cultural da cidade, deverá ser o “leit motiv” de todos os almeirinenses e em especial da autarquia, pelo que me custa a entender o facto de existir um estudo sobre a sua utilização que é desconhecido da generalidade da população.
Estaremos perante um “tabu” local, como o da Ota? ou o “estudo” é apenas para o IVV ver?
Perante os contornos que o processo de reutilização do edifício começa a apresentar, parece-me reduzida a probabilidade de nele vir a ver instalado um espaço que efectivamente contribua para a dignificação cultural da cidade e ainda menos que aquele espaço venha a sentir sentido como seu pela comunidade.
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