sábado, 16 de junho de 2007

FESTAS DE ALMEIRIM 2007

Começam hoje as Festas de Almeirim 2007.


Se do programa de espectáculos o destaque vai para a apresentação dos «DA WEASEL» (ainda alguém me há-de explicar porque é que a “noite grande” ficou para o Sardet), já no que respeita à principal atracção do evento – as “tasquinhas” – o destaque tem que ir direitinho para as notícias que correm sobre uma possível actuação da ASAE - Autoridade de Segurança Alimentar e Económica.

Diz-se mesmo (ver este “post” do novo “blogJARDIM DA REPÚBLICA) que muitas das colectividades locais que habitualmente animam este evento, receando as elevadas multas e coimas não vão arriscar a sua presença.

Confirmem-se, ou não, os piores receios, uma coisa é certa... estamos perante mais um excelente exemplo da habitual tacanhez mental dos responsáveis nacionais!

Mais papistas que o Papa, totalmente desprovidos de um mínimo de massa cinzenta e da consequente capacidade de discernimento, nomeados senhores “todo-poderosos” por um qualquer processo onde a avaliação de capacidades se resumirá ao oscilar NA VERTICAL dos côndilos occipitais sempre que um chefe emita um som, eis condenada aos ostracismo uma das ainda sobreviventes práticas de convívio e cavaqueira, em nome do modernismo e do politicamente correcto.

Ninguém ignora que as condições higieno-sanitárias deste tipo de eventos se resumam ao básico, mas também ninguém (pelo menos possuidor de um mínimo de bom senso e que não paute a sua actuação por normas de obediência canina) pode esperar que eventos desta natureza, pela finalidade e precariedade das condições em que decorrem possam oferecer melhores condições.
A confirmar-se este tipo de actuação estaremos apenas a assistir à morte anunciada de mais uma manifestação da identidade cultural nacional, prática que não creio seja seguida noutros países da UE (nunca ouvi falar em semelhantes problemas em eventos como a mundialmente célebre FESTA DA CERVEJA, em Munique, nem assisti a semelhantes rigores na ASTE NAGUSIA basca).

A sanha persecutória parece porém aplicar-se apenas a uma das vertentes deste tipo de eventos, já que nada ouvi (ou alguma vez vi) quanto à necessária verificação dos níveis de barulho praticados. Não está tanto em causa o período de actuação das “vedetas” (embora também aqui devesse haver um cuidado mínimo quanto ao ruído produzido e quanto ao zeloso cumprimento dos horários, por forma a que as actuações não se prolonguem além da meia-noite), mas sim assegurar que ao longo do dia (porque normalmente as instalações sonoras começam bem cedo a debitar níveis abomináveis de decibéis) os níveis de ruído não ultrapassem o aceitável.

Depois de termos assistido à morte das tradicionais tabernas (embora na vizinha Espanha, sujeita ás mesmas regras comunitárias tal ainda não tenha acontecido), das “tascas das iscas e das bifanas” alfacinhas e de nos prepararmos para “matar” os cafés com a aplicação da futura lei anti-tabaco, eis que se prepara agora o fim das “festas populares”.

Se tudo isto não estiver inserido numa estratégia concertada para acabar com os “ajuntamentos” e as possibilidades de convívio e de diálogo entre os cidadãos, então, não sei como classificar esta completa insanidade.

É em oportunidades como esta que sempre recordo a conhecida história que se conta a propósito de uma “consulta” efectuada por um antigo responsável pela cultura nacional a Prof. Agostinho da Silva. Quando lhe foi perguntado o que fazer para difundir a cultura nacional, o velho professor respondeu com aquele desassombro e frontalidade que se lhe conhecia: «Abram tasquinhas, com pastéis de bacalhau e copinhos de vinho…»

1 comentário:

Anónimo disse...

Resumindo .... ao senhor apenas lhe incomóda o barulho tudo o resto está bem! Nas Festas da Cerveja em Munique, não fazem barulho? Ou será por esse barulho estar longe que não o incomóda.