Para esta reduzidíssima franja da população mundial podem parecer absolutamente normais notícias como a que divulgava ontem o COURRIER INTERNATIONAL, segundo a qual os americanos gastaram em 2006 mais de 39 mil milhões de dólares com os seus animais domésticos, dos quais 750 milhões só em vestuário; o mesmo não dirão todos os outros... A enormidade destes números ficará mais evidente se recordarmos que 2/3 dos 180 países cujo PIB em 2006 foi analisado pelo FMI se quedaram por valores inferiores aos 39 mil milhões de dólares.
Para quem ainda não ache estes números demasiado obscenos, basta recordar que no interior dos EUA cerca de 37 milhões (12,3 % da população norte-americana) vivem abaixo do limiar de pobreza, quase metade dos quais (cerca de 16 milhões) vivem em situação de extrema pobreza (rendimento inferior a 2.500 dólares/ano).
Mas o mais curioso é que o país mais poderoso do mundo não apresenta apenas este tipo de assimetrias. Na mesma oportunidade em que surgia a notícia referente ao florescente mercado da alta-costura para os animais de estimação, também era noticiado o aparecimento de um novo mercado nos EUA onde as transacções passaram a ser denominadas em… pesos mexicanos!
É verdade, enquanto a sua administração procura formas de conter a avalanche de emigrantes mexicanos, um empresário do sector da restauração (na vertente do “take away”) decidiu lançar uma nova vertente no seu negócio, passando a aceitar pagamentos em pesos mexicanos. Este tipo de prática (uso de moeda estrangeira em pagamentos domésticos) é corrente em muitas zonas fronteiriças, mas o insólito desta é que resultou do facto do proprietário das pizzarias se ter apercebido da oportunidade de negócio resultante do grande número de clientes que evidenciavam grandes dificuldades de conversação em inglês e de a ter acompanhado da contratação de empregados bilingues, pouco se importando sobre a situação de ilegalidade em que os seus clientes se possam encontrar no território americano. Aliás, a fazer fé no New York Times a lista de negócios que se desenvolvem na América especificamente orientados para a minoria mexicana já inclui um banco que disponibiliza cartões de crédito aos emigrantes clandestinos.
Quererá isto significar algo parecido com o princípio de «se não os podes vencer junta a eles», ou pelo contrário esta aparente facilitismo acabará por ser explorado pelos que se opõem à abertura das fronteiras (e da economia) às populações de origem “chicana”, passando a constituir mais um argumento e uma artimanha no combate contra a emigração?



merecendo particular destaque o facto do SIM ter vencido nos distritos de Leiria e Castelo Branco (empurrando as fronteiras do NÃO mais para Norte) e no do Porto. 
Garantindo um “timing” perfeito, no próprio dia 8 de Fevereiro, a par com as imagens dos líderes do Hamas e da Fatah, era noticiada a posição americana e israelita de grande reserva perante a viabilidade da solução de compromisso palestiniana e o levantamento das sanções impostas ao governo do Hamas. Recorde-se que após a pressão norte-americana para a criação de uma segunda fonte de poder nos territórios palestinianos (estratégia abertamente apoiada, se é que não foi inspirada, por Israel para reduzir a influência de Yasser Arafat, então líder da Fatah e do governo palestiniano) foi criada a figura de presidente da Autoridade Palestiniana e realizaram-se sucessivos actos eleitorais, no último dos quais resultou uma clamorosa vitória do Hamas; perante este resultado e sob a alegação de que aquele era um grupo terrorista (Israel conseguiu dos EUA a inclusão do nome do Hamas na lista negra do terrorismo após o 11 de Setembro de 2001) os EUA e a UE suspenderam o auxílio financeiro à Autoridade Palestiniana, acto de sanção económica em que foram prontamente acompanhados por Israel, que decidiu suspender a regular entrega dos direitos alfandegários que cobra nas fronteiras palestinianas. 



