quinta-feira, 2 de novembro de 2006

HAVERÁ “BOMBAS BOAS” E “BOMBAS MÁS”?

Após as notícias postas a circular há uns dias relativamente ao uso pelo exército israelita de bombas de fósforo durante a recente invasão do Líbano (há semelhança do que aconteceu em 2005 durante o assalto americano a Fallujah, no Iraque), eis que agora (ver notícia do DIÁRIO DE NOTÍCIAS) se volta a falar dos perigos na utilização de munições com urânio empobrecido.

Os governos americano e inglês recusam qualquer hipótese de estabelecer ligações entre o aumento anormal de doenças e de malformações em recém nascidos e a utilização daquele tipo de armamento no Iraque.

Esta polémica já não é nova e tem-se reacendido de cada vez que se verifica a intervenção de exércitos dotados de equipamento mais moderno e com maior poder destrutivo, sendo que aquele tipo de munições é normalmente utilizado com a finalidade de penetrar blindagens ou edifícios e construções altamente resistentes.

A progressiva revelação da sua utilização em anteriores cenários de guerra (I Guerra do Iraque e Balcãs) apenas alimenta a certeza que também nos mais recentes (Afeganistão, Invasão do Iraque e do Líbano) se virá a “descobrir” a sua utilização.

Sendo certa a impossibilidade de estabelecer de forma rigorosa a interligação entre os dois fenómenos anteriormente referidos, até porque os exércitos e os respectivos governos negam a utilização de semelhante tipo de armamento (mesmo quando a dimensão dos estragos os torna por demais evidentes), nem por isso as suspeitas deixam de ser fundadas e os seus trágicos resultados mais que justificam a necessidade de medidas urgentes que impeçam a utilização de semelhante tipo de armamento.

Além da condenável hipocrisia subjacente ao comportamento daqueles que se dizem grandes defensores das liberdades e muito preocupados na minimização do que em cenário de guerra agora se chama de “danos colaterais” (antigamente chamavam-lhes literalmente “civis apanhados no fogo cruzado”), existem ainda os perigos de exposição e contaminação a que sujeitam as suas próprias tropas.

É estranho que quem se revela tão empenhado em combater a proliferação de armamento nuclear se mostre simultaneamente tão pouco preocupado com os resultados da utilização que dá ao seu próprio equipamento, ou será, como ouvi há uns dias ao eurodeputado Deus Pinheiro, que existem “bombas boas” e “bombas más”?

1 comentário:

Carlos Gil disse...

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