segunda-feira, 6 de novembro de 2006

O SALÁRIO MÍNIMO EM DISCUSSÃO

Notícias hoje publicadas no PUBLICO e no DIÁRIO DE NOTÍCIAS sobre o salário mínimo despertaram-me a necessidade de me juntar à questão, tanto mais por se tratarem de duas abordagens distintas; enquanto o DN se reporta a uma situação nos EUA, o PUBLICO refere-se às propostas de revisão do salário mínimo nacional.

A este respeito é curiosa a forma como nos últimos anos tem sido abordada pelos sucessivos governos portugueses a fixação do valor para o salário mínimo.

Quase todos os nossos governantes nos têm repetido até à exaustão que a situação económica que temos vivido (e estamos a viver) se deve à reduzida competitividade das nossas exportações e à baixa produtividade nacional e que a forma de ultrapassarmos esta situação consiste no aumento das exportações; isto num período em que as grandes empresas multinacionais vão deslocalizando a sua produção em função dos mercados onde os custos (mão-de-obra principalmente) lhes sejam favoráveis.

Aparentemente parte da solução deveria passar pela redução/manutenção dos salários baixos como forma de atracção de novos investimentos, logo de maior produção e crescimento das exportações.

O paradoxo é que tendo sido este o modelo privilegiado (pelo menos a julgar pela notícia do PUBLICO que refere o facto do salário mínimo actual representar um poder de compra inferior ao de 2001 e plenamente confirmado pelo sentimento da generalidade dos trabalhadores portugueses que anualmente vêm reduzir-se o seu poder de compra) a economia nacional insiste em não crescer.

Talvez agora que, como noticia hoje o DN, surgiu um grupo de reputados economistas americanos (entre os quais alguns laureados com o prémio Nobel) a defender um aumento do salário mínimo, alguém entre nós comece a entender os benefícios da dinamização do mercado interno, tanto mais que o grosso do tecido empresarial nacional é constituído por empresas que produzem para esse mercado e que dele dependem totalmente.

Sinceramente que o que me espanta não é o conteúdo das notícias, mas sim o absoluto servilismo dos que noticiam e dos que nos têm governado perante os ditames dos “gurus” da economia, quando muitos dos “zé-ninguém”, como eu, vimos há muitos anos defendendo o principio de que nenhuma economia cresce apenas orientada para o mercado externo, por muito que isso agrade aos “senhores da globalização”.

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