quinta-feira, 24 de agosto de 2006

PELAS COSTAS DOS OUTROS…

Entre as notícias hoje vindas a lume, figura a da renúncia ao mandato de presidente da Câmara de Setúbal apresentada por Carlos de Sousa.

Esta menção especial não resulta da novidade (desde o fim de semana passado que algo do género era expectável), nem da pronta aparição televisiva dos “colunáveis” da oposição (Fernando Negrão pelo PSD e Vítor Ramalho pelo PS) mas principalmente de um sentimento que não posso deixar de tornar público.

Independentemente das razões que possam assistir ao PCP para retirar a confiança a quem fora seu cabeça de lista em eleições que se realizaram há menos de um ano, parece-me que com esta decisão, e na ausência de uma fundamentação muito forte, a direcção daquele partido criou uma situação muito complicada para futuros actos eleitorais.

Mais que questionar a legalidade (ou o direito) de substituir alguém que foi sujeito a um processo eleitoral, estou em crer que com esta decisão o PCP fragilizou não só o elenco camarário de Setúbal mas também todos os restantes eleitos nas suas listas e, principalmente, todos os que nelas se venham a candidatar em futuros actos eleitorais.

Mesmo que na origem desta decisão do PCP tenha estado o inquérito que a IGAT (Inspecção-Geral da Administração do Território) tem em curso, para bem da democracia, do país e das autarquias teria sido preferível aguardar pelo desfecho daquele, mesmo que este acarretasse a perda de mandato de Carlos de Sousa e a dissolução do executivo.

Admitindo como válido o princípio que diz que «pelas costas dos outros vemos as nossas» e apesar de faltar muito tempo para as próximas eleições autárquicas, talvez os eleitores portugueses se lembrem na altura do que agora aconteceu e da pouca ou nenhuma consideração que o PCP revelou pela escolha dos eleitores sadinos.

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