A Aste Nagusia resultou de uma ideia recente (está a cumprir a sua 25ª edição) a que ano após ano a juventude de Bilbao vem aderindo e contribuindo para o seu crescimento. Na essência trata-se de uma ideia genialmente simples, para cujo sucesso muito contribui a participação da juventude e a sua forma irreverente de ver o mundo.
Tudo começou com a ideia de organizar actividades que contribuíssem para a animação das noites de Agosto de uma cidade cada vez mais despovoada naquele mês do ano. As iniciativas são da responsabilidade de grupos independentes (as “komparsas”) que promovem desde “tasquinhas de comes e bebes” (com a ajuda do calor são muito mais os “bebes” que os “comes”) a todo outro conjunto de iniciativas como concertos musicais, actividades de teatro de rua, um concurso de fogo de artifício, provas desportivas tradicionais, corridas pedestres e de barcos, etc., etc….
A simplicidade da ideia funciona muito por culpa da animação e vontade dos mais jovens, mas também porque os poderes políticos da cidade e o respectivo tecido económico tem entendido as vantagens obtidas desta animação adicional na sua cidade. Com a crescente afluência de público (muito dele vindo de cada vez mais longe) é não só toda a indústria hoteleira e de restauração que passou a contar com mais um período de elevada utilização, mas também o comércio em geral que beneficia com a afluência de forasteiros.
Observando a simplicidade de uma ideia e a entrega com que as diferentes “komparsas” preparam as suas iniciativas (num espírito de rivalidade muito sadia) não espanta o sucesso nem o “mar de gente” que noite adentro se desloca de “txona”(b), em “txona”, se concentra para os espectáculos diários de fogo de artifício ou para assistir aos concertos ou às provas desportivas.
Quer agora, quer enquanto assistia a estas multidões em festa, não pude deixar de estabelecer algum paralelismo entre aquilo que vivi em Bilbao e o que se vive de festividades entre nós, nem de constatar que as festas populares não têm de ser construídas à volta de figuras de cartaz ditas populares (mas que cobram “cachets” de vedetas internacionais de primeiro plano), nem assumir valores e estéticas que afastem os mais novos. Aliás, o segredo do sucesso da Aste Nagusia será precisamente o de assentar na iniciativa dos mais jovens, a eles indo buscar a participação, a alegria, a irreverência e a generosidade.
Que bom seria vermos a juventude da nossa cidade empenhada em projectos desta natureza e uma maior e real animação nas festas que nela se realizam.
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