quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

UMAS GRATA, OUTRAS INGRATA


Quando revistas com o peso de uma TIME anunciam no final de cada ano a personalidade que escolheram como a mais marcante, espera-se mais que um louvor ou uma homenagem ao feliz contemplado. Espera-se que a escolha tenha resultado dum processo ponderado e na qual a maioria dos seus leitores se possa rever, pelo que o anúncio do nome de Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, não constitui à partida nem surpresa nem indignação; o pior foi quando, volvidos alguns dias sobre o anúncio oficial, foi divulgada a informação de que o vencedor da votação realizada entre os leitores fora Julian Assange, director e porta-voz do sítio WikiLeaks, e por uma diferença de votação medonha (segundo esta notícia do JN, Zuckerberg ficou em 10.º lugar com cerca de 18 mil votos, enquanto Assange obteve cerca de 382 mil votos).

 
Esta situação, nunca desmentida pela TIME, atesta bem o valor e a finalidade deste tipo de nomeações. Pior, aquela respeitada revista, além de participar no que facilmente pode ser classificado de fraude, terá dado cobertura a “pressões” políticas e isto quando ainda não se tinham extinto os ecos das críticas à controversa decisão do governo chinês de impedir o recém laureado Nobel da Paz, o dissidente chinês Liu Xiaobo, de participar na cerimónia oficial.

Uma vez mais uma administração norte-americana transmite a real imagem das suas políticas de dois pesos e duas medidas, pois bastou que o WikiLeaks tivesse começado a denunciar abusos nas ocupações militares do Iraque e do Afeganistão ou no tratamento dos presos em Guantánamo, para que fosse convenientemente esquecido que como corolário do seu trabalho na denúncia de violações dos direitos humanos, Julian Assange e o WikiLeaks tinham sido galardoados, em 2008 e 2009, com prémios da revista THE ECONOMIST e da Amnistia Internacional e sejam agora designados como inimigo público nº1. Claro sinal disto, e da manipulação da informação que regularmente nos é fornecida, é esta capa da mesma TIME

 
onde foi anunciada a escolha de Assange para pessoa não grata do ano.

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