Pelo menos é o que parece, depois de terminado no final de Novembro o prazo que o Estado fixou para a apresentação de propostas para a compra do banco que fora nacionalizado em Novembro de 2008, na sequência dum escândalo de fraude fiscal e de branqueamento de capitais; aquele que chegou a ser uma das estrelas do universo empresarial de Américo Amorim, que teve o seu grande mentor e principal carrasco na figura de Oliveira e Costa (antigo secretário de Estado de Cavaco Silva) e como último presidente Miguel Cadilhe (outro ex-governante do tempo de Cavaco Silva), atravessa agora a triste situação de não encontrar comprador.
Depois de uma intervenção estatal, justificada sob o jargão do risco sistémico que provocaria no sistema financeiro nacional a falência dum banco que representava uns meros 2% de quota de mercado, objecto de grandes críticas desde a primeira hora (a excepção foram e continuam a ser os banqueiros nacionais, como o confirma a notícia recente do NEGÓCIOS, segundo a qual o presidente do BPI, Fernando Ulrich, mantém que «Intervenção no BPN foi bem feita») e da injecção de quase 5 mil milhões de euros pela CGD (com aval do Estado), a solução para o problema parece continuar longe e dispendiosa.
Considerando apenas a fatia saudável do banco (excluindo os chamados activo tóxicos), com prejuízos acumulados da ordem dos 300 milhões de euros, o BPN necessita para continuar a operar (sob a tutela pública ou privada) de uma injecção de capital nunca inferior a 400 milhões de euros, valor que, considerando o universo do grupo e a sua manutenção na esfera pública (situação em que não haverá lugar à operação de limpeza dos activos tóxicos), poderá atingir os 2,5 mil milhões de euros.
A possível decisão de declaração de insolvência parece afastada, pois acarretará custos ainda maiores que irão além da necessidade de honrar compromissos do universo BPN, também estimados em 2,5 mil milhões de euros, a que se somarão os custos com as indemnizações aos trabalhadores e o agravamento da taxa de desemprego e o aumento do encargo com os correspondentes subsídios de desemprego.
Perante este cenário não espantará que à desnecessária e dispendiosa decisão do governo de José Sócrates de nacionalizar o banco se acrescente agora a solução que a curto prazo parecerá menos gravosa, a da integração do BPN na CGD.
Infelizmente e apesar do NEGÓCIOS assegurar que o «Presidente do BPN acredita no sucesso da venda separada dos activos do banco», este deverá ser o caminho escolhido para esconder a colossal asneira que constitui a decisão que tanto agradou aos banqueiros, mesmo que isso implique uma brutal quebra nas receitas da CGD (algo que irá prejudicar o Estado, seu único accionista, no imediato) e o agravamento dos conflitos internos num banco cujos trabalhadores ainda não digeriram as recentes medidas de reduções salariais.
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