Para a esmagadora maioria dos trabalhadores europeus (e em especial para os dos países periféricos) talvez nunca antes tenha feito tão pouco sentido o aforismo “Ano Novo, Vida Nova”, pois a avaliar pelas notícias e pelos cenários apresentados pelos políticos para justificarem as suas opções de política económica, o ano que agora se inicia não poderá ficar assinalado senão pelo agravamento das condições de vida daqueles que dependem de um salário.
Os governos europeus, espartilhados entre a necessidade de refinanciar os défices públicos (tenham eles sido ou não originados na crise global e na leviandade com que os mesmos governos se prontificaram a resgatar os bancos e as seguradoras descapitalizadas na espiral da hecatombe iniciada na especulação imobiliária, ou mero resultado da quebra registada na actividade económica) e receosos de novas e maiores exigências do sector financeiro, não hesitaram em transferir a responsabilidade (e os custos) para as populações.
Quando se sabe que durante este ano os países da UE vão necessitar de biliões de euros para refinanciar a sua dívida pública (como deixava transparecer há dias esta notícia do ECONÓMICO), fácil se torna concluir que as mais frágeis das economias europeias debater-se-ão com dificuldades acrescidas para suprirem aquelas necessidades e, por acréscimo e comparação com o passado recente, que uma vez mais serão os trabalhadores por conta de outrem chamados a novos “sacrifícios”, para salvaguarda dos interesses dos “mercados”.
Talvez o facto do ano se iniciar entre nós com uma campanha eleitoral ajude a disfarçar esta realidade e as dificuldades que a República Portuguesa deverá encontrar para obter os estimados 20 mil milhões anunciados nesta nota do IGCP, mas a dúvida será de curta duração, pois é já no próximo dia 5 que irá ter lugar o primeiro leilão de 500 milhões de BT.
O que não deixa qualquer lugar a dúvidas é que este ano verá, entre nós, o regresso a um período de recessão e de acrescidas dificuldades para os que se aprestarem à sua travessia...
...enquanto aqueles que continuarem a gravitar os corredores do poder ou a operar na economia paralela deverão poder consolidar os ganhos dos anos anteriores.
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