Embora a crise continue a preencher o dia a dia de toda a gente e em especial dos meios de informação, sempre vai havendo espaço e tempo para um ou outro assunto. Neste grupo se inserem notícias como a que dão conta da iniciativa da eurodeputada portuguesa Ana Gomes ter apresentado uma queixa na Comissão Europeia contra os contratos de aquisição de dois submarinos a um consórcio alemão.
Em causa, segundo a autora da queixa, estarão as ligações entre a consultora contratada pelo governo de Durão Barroso e Paulo Portas para organizar o processo de financiamento e o banco financiador e ainda a famigerada questão das contrapartidas.
E, porque atravessamos a anual quadra da boa vontade e da harmonia, aproveito a oportunidade para chamar a atenção para o facto de questões de ética duvidosa não constituírem exclusivo nacional; pelo menos é o que se pode concluir deste editorial do LE MONDE, que a propósito duma condenação judicial do ministro do interior, Brice Hortefeux, do governo de Nicolas Sarkozy, inicia o seu comentário da seguinte forma: «É uma novidade na V República: um ministro em exercício, e nem sequer um dos menos importantes, acaba de ser condenado pela justiça pela segunda vez em seis meses. Mais impressionante ainda, para não dizer chocante: nem o presidente da República nem o primeiro-ministro parecem ter-se impressionado, como se de episódios banais e benignos se tratasse».
Em termos práticos, recorde-se, o ministro em questão foi condenado uma primeira vez em Junho por injúrias de caracter racista, proferidas durante uma reunião partidária, e mais recentemente por calúnia e atentado à presunção de inocência dum presumido informador para a imprensa a propósito do caso Woerth-Bettencourt[1]; nada que se pareça com os casos nacionais que envolvem políticos condenados por crimes bem mais graves mas que a complacência dos seus pares e o “nacional porreirismo” permitem que continuem a exercer funções públicas, como se de impolutos cidadãos se tratassem.
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