Uma notícia do DIÁRIO ECONÓMICO do final da passada semana veio confirmar o adiamento das datas para entrega das propostas finais dos concursos para as anunciadas auto-estradas Transmontana e do Douro Interior.
Embora na semana anterior o ministério tutelado por Mário Lino tivesse difundido uma nota refutando a afirmação de que as auto-estradas a concurso implicam mais investimento do que o anunciado, na actual conjuntura mundial, a notícia que a «crise faz subir custos com estradas» (publicada no passado dia 19 pelo DIÁRIO DE NOTÍCIAS) tem todo o sentido. Não só a crise financeira está a forçar os bancos a reduzir os riscos, como está a provocar reconhecidos problemas de liquidez (vejam-se as constantes injecções de moeda pelos bancos centrais e as contínuas notícias de fusões ou falências de bancos), fenómenos que obviamente não podem deixar de afectar o tecido bancário nacional.
E isto nem sequer é um fenómeno que se limite ao âmbito nacional, pois a atestar por uma notícia do NEW YORK TIMES, de há cerca de dois meses, a entidade que gere o projecto de reconstrução do World Trade Center – Port Authority of New York and New Jersey – debatia-se precisamente com o mesmo tipo de dificuldades financeiras. O projecto de construção da Freedom Tower, orçado em 3 mil milhões de dólares, encontra-se próximo do impasse e a decisão do Merril Lynch de abandonar a anunciada intenção de se vir a instalar no edifício foi fruto dos resultados negativos apresentados em consequência da crise do “subprime”.
Se em Julho as perspectivas eram más, que dizer agora que aquela financeira já foi comprada pelo BANK OF AMERICA e quando se levantam dúvidas sobre o projecto inicialmente apoiado pelo JP MORGAN CHASE para a construção de outro edifício na zona depois deste ter adquirido o BEAR STEARNS.
Fortemente afectada pela crise financeira, Wall Street estará a reequacionar as suas estratégias e, seguramente, a opção do investimento imobiliário é das menos importantes e atractivas, no momento…
Mas a questão do adiamento da atribuição das novas concessões merece uma atenção mais detalhada.
As hesitações dos normais candidatos a este tipo de projectos não é apenas revelador das dificuldades financeiras que estarão a encontrar ou a recear, mas também da evidente divergência de interesses entre o Estado e os concorrentes. Se as concessões a concurso não se situassem no interior do território (quiçá nalgum dos “desertos” do ministro Mário Lino) as construtoras envolvidas no processo não revelariam tantas hesitações nem receios, demonstrando assim que contrariamente ao que continuam a defender os apóstolos do neoliberalismo a iniciativa privada não constitui uma efectiva (e adequada) alternativa ao papel do Estado.
E ainda serão precisos mais argumentos para questionar a validade e a viabilidade de projectos como o do NAL e do TGV?
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