domingo, 7 de setembro de 2008

À DIREITA NADA DE NOVO

Pronto, está feito!

A líder do PSD falou finalmente.
No encerramento da 6ª edição da Universidade de Verão do PSD, Manuela Ferreira Leite mimoseou o país com um discurso que o EXPRESSO não hesitou em designar de libertador[1] e de que o PUBLICO, de pronto, ressaltou o lado crítico[2].

Mas, lido o texto do discurso[3] sou levado a conclusões diferentes; à direita nada de novo!

Não que Manuela Ferreira Leite não tenha retomado o tema que o seu vice-presidente, António Borges, já glosara na sua intervenção no início da semana[4] e aproveitado a oportunidade para repetir o discurso de branqueamento das responsabilidades do PSD (a par com as do PS) no descalabro que têm sido as políticas económicas aplicadas desde os tempos de Cavaco Silva e ainda menos tenha enjeitado a oportunidade para tecer loas às milagrosas políticas que teriam sido aplicadas sob a direcção do seu partido – mesmo sem uma única vez as concretizar ou sequer ter apresentado uma crítica directa e substantiva às políticas aplicadas por José Sócrates.

Nos tempos que correm, ainda sob a forte influência da “vaga criminosa”, fica sempre bem a qualquer político da oposição criticar o sentimento de falta de segurança, embora seja difícil perceber das palavras que proferiu Manuela Ferreira Leite o que teria sido diferente sob a sua direcção. Será que a simples presença do PSD no governo teria bastado para suster a vaga de crimes ou a vaga noticiosa que transformou quase todos os meios de comunicação nacional em “jornais do crime”, pura e simplesmente não teria ocorrido?

A acusação lançada por Manuela Ferreira Leite de que a reforma da Administração Pública serviu fundamentalmente para a adequar aos interesses do PS pode ser muito real e verdadeira, mas novamente se recoloca a questão de saber qual foi a actuação do PSD durante a vigência dos seus governos. Poderá a líder do PSD nunca se ter apercebido da “dança de cadeiras” que regulamente regista a Administração Pública ao sabor dos ventos das mudanças políticas?

Relendo a notícia do EXPRESSO começa-se a tornar clara a explicação para o título escolhido, Manuela Ferreira Leite propõe-se “libertar o país” da actuação do PS... para o entregar ao PSD. A intenção poderá ser muito bem acolhida entre os “apparatchiks[5] laranjas e explicar-se-á ainda melhor porquanto o discurso proferido foi precisamente para uma assembleia de candidatos a “apparatchiks”; para os outros portugueses, os que se terão dado ao trabalho de lerem as notícias, a versão integral do discurso, ou até este “post” o que ficou?, apenas a tristeza de vir a assistir a mais do mesmo (com o PS ou com o PSD) na próxima legislatura!
_________________
[1] Ler o artigo sob o título: «Ferreira Leite propõe-se a "libertar o país"».
[2] Este intitula-se «Ferreira Leite critica políticas económica e de segurança».
[3] O texto integral encontra-se disponível nesta página do POVO LIVRE.
[4] Conteúdo que apreciei e critiquei aqui.
[5] Termo russo usado para designa os membros do aparelho (apparat) político da antiga URSS; actualmente usa-se para designar os que provocam estrangulamentos burocráticos e originam a ineficiência das organizações ou, aqueles que são designados em função da sua filiação partidária para o desempenho de cargos para os quais estão pouco ou nada habilitados.

Sem comentários: