Querem melhor exemplo do estado a que chegou o nosso país que o hoje transmitido pela estação de rádio que foi paradigma do jornalismo e da informação nacional?
Para quem tenha escutado (talvez até acordado ao seu som) o noticiário da TSF difundido hoje às 7 da manhã, a notícia mais relevante para a vida dos portugueses e a que abriu aquele serviço noticioso não foi o resultado das eleições ontem realizadas num país da UE, por acaso também fronteira nacional e única via terrestre de acesso ao centro daquela, algum eventual rescaldo da manifestação realizada pelos professores no fim-de-semana que terminou, ou até o assinalável feito que foi a conquista de uma medalha de ouro por uma atleta nacional no campeonato mundial de pista coberta.
Pasme-se, mas a notícia foi a demissão de um treinador de futebol.
Perante isto quem poderá estranhar que o país apresente os indicadores de desenvolvimento mais baixos no conjunto da UE?
Quem poderá estranhar os persistentemente elevados indicadores de iliteracia e as desproporcionadas taxas de abandono escolar?
Para o mau desempenho da economia, dos governantes (actuais e passados) e da generalidade dos cidadãos, além dos reduzidos níveis de formação, não pode deixar de contribuir o nível de desinformação que grassa no nosso país; quando o “fait divers” assume o estatuto de notícia de abertura de qualquer meio de comunicação minimamente responsável[1], o que se pode esperar dos seus receptores? Responsabilidade, empenho social e profissional ou apenas um estado de letargia e de cumprimento dos mínimos indispensáveis?
A resposta cabe a todos os que nos últimos anos têm orientado a nossa sociedade na mediocridade e na banalidade e aos que, defendendo apenas os seus interesses pessoais ou corporativos, continuam a não se manifestar contra semelhante estado das coisas.
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[1] Cabe aqui referir que a crítica que aplico à TSF é extensível à generalidade das outras estações de rádio e demais meios de comunicação.
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